Segundo o que foi divulgado pelo jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) no começo da semana recebeu o conselho de um general da reserva muito próximo a ele para que pedisse renúncia do cargo. entretanto, o general Mourão respondeu que esta ainda não seria a hora de abandonar o Governo federal.

De acordo com interlocutores, Mourão tem refletido sobre o tema desde a última declaração dada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre ele, quando o comparou a um cunhado indesejado. Na ocasião, o vice-presidente estava em uma viagem oficial a Lima, no Peru, quando tomou conhecimento da fala deselegante de Bolsonaro e, desde então, Mourão mostrou contrariedade sobre o que ouviu.

Bolsonaro declarou que o vice “atrapalha um pouco” e comparou a relação entre os dois como a que teria com um cunhado. O presidente ainda afirmou que o vice executa seu trabalho, tem muita independência e, após compará-lo com um cunhado, disse que “Você não pode mandar o cunhado embora".

A declaração foi feita ao responder uma pergunta sobre como é seu relacionamento com o general e como irá escolher seu vice para a disputa eleitoral de 2022.

Olho no olho

Hamilton Mourão nos próximos dias deverá ter uma conversa somente entre ele e Jair Bolsonaro para deixar claro que não gostou da fala do mandatário. A decepção do general é ainda maior porque ambos se reuniram na última semana e não tiveram qualquer sinal de estresse.

A decisão sobre deixar ou não o governo federal, entretanto, sempre foi rechaçada por Mourã. Porém, nos últimos dias, a decisão que era dada como improvável ganhou o status de possível, e o vice tem analisado os impactos de tal decisão.

Impeachment

Em seu entendimento, caso saia do cargo, abriria espaço para um processo de impeachment do presidente.

Isso pois sua presença como sucessor imediato tem servido como um impeditivo para que a ala política abra o processo. Caso abandone o cargo, o sucessor direto de Bolsonaro seria o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que é também quem tem o poder de decidir se coloca, ou não, sobre a mesa o impeachment do líder do Executivo.

Orientações

Em conversa no fim do ano passado com Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão teria perguntado se o ocupante do Palácio da Alvorada estaria contente com o desempenho dele. Ele pediu que Bolsonaro lhe desse orientações, além de ter deixado claro que se o presidente quisesse, ele iria embora. De acordo com fontes, Bolsonaro desconversou. A relação entre os dois continuou distante e agora, com as recentes declarações, existe a ameaça de Mourão se distanciar de vez de Jair Bolsonaro.