Na manhã da quarta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou que o general Luiz Eduardo Ramos é um “nota 9”, pois lhe faltaria um maior conhecimento político para poder dialogar com parlamentares. Bolsonaro fez uma nova reforma ministerial e retirou Ramos da Casa Civil, colocando-o em uma pasta de prestígio menor, a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Para o lugar do general, o líder do Executivo nomeou o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Em uma entrevista a uma emissora de rádio, Bolsonaro explicou que levou para dentro da Presidência, no ministério mais importante do Governo, a Casa Civil, o senador Ciro Nogueira, pois se trata de alguém apto a conversar com o Parlamento. Ao justificar seu comentário sobre Ramos, o presidente disse ainda que seria a mesma coisa se ele quisesse que Ciro Nogueira conversasse com o alto comando das Forças Armadas.
No dia anterior à entrevista, o ocupante do Palácio da Alvorada já havia feito declaração semelhante, dizendo que o general tinha “dificuldade” com o “linguajar com o Parlamento” e que o presidente do PP iria fazer um “brilhante trabalho de aproximação” com o Congresso.
Centrão
O novo titular da Casa Civil é presidente do PP, um dos partidos do centrão, grupo de siglas fisiológicas que fazem parte da base de apoio do governo Bolsonaro. Ciro Nogueira é um dos líderes do bloco de partidos. As alterações foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) da quarta-feira (28). Ainda não foi marcada a data da posse.
Dança das cadeiras
A nomeação de Ciro Nogueira para a Casa Civil foi anunciada na última quarta-feira (21), em uma minirreforma ministerial. Ao ser mandado para a Secretaria-Geral da Presidência da República, o general Ramos irá ficar no lugar de Onyx Lorenzoni, que irá para o Ministério do Trabalho e Previdência, pasta que voltará a existir a partir de um desmembramento do Ministério da Economia.
Surpresa
A mudança surpreendeu Ramos. O general foi entrevistado pelo jornal O Estado de S.Paulo e declarou que não sabia da troca e classificou a situação dizendo que foi como se fosse “atropelado por um trem”, ele ainda afirmou que não sabia e que estava em choque, mas disse que passa bem.
Amigos
O general Ramos tem um laço de amizade com Jair Bolsonaro desde a década de 1970. No meio de 2019, Ramos assumiu a Secretaria de Governo (Segov). O militar não tinha experiência no meio político, e sua fraca atuação fez com que fosse substituído pela deputada federal Flávia Arruda (PL-DF). No mês de março, aconteceu o primeiro rearranjo, e o general foi para a Casa Civil, onde ficou por menos de quatro meses.
Militares
De acordo com notícia publicada na quarta-feira (28) no blog do jornalista Valdo Cruz, no portal G1, os militares da ativa não gostaram das declarações de Bolsonaro sobre Luiz Eduardo Ramos, o que reforçou as críticas dos militares da ativa que são contra a participação de militares, mesmo os da reserva, em cargos civis.