Seguindo a reforma ministerial prometida, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou uma Medida Provisória que recria o Ministério do Trabalho e Previdência e nomeou Onyx Lorenzoni como titular da pasta. Criado no século passado, durante o Governo de Getúlio Vargas, o Ministério do Trabalho foi importantíssimo para a classe de trabalhadores, uma vez que garantiu direitos e fiscalizações das regras laborais a fim de aumentar a produtividade do país e a dignidade dos funcionários. Bolsonaro, desde a sua campanha, vem criticando o enorme número de ministérios que compunham o Poder Executivo federal.

Ainda na época do governo da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), o então deputado Jair Bolsonaro criticava a enorme lista de cargos criados para alocar políticos dos mais diversos partidos políticos que faziam parte do Congresso Nacional. Isso fez parte de uma política de governabilidade nos anos de gestão do PT, e voltou às dinâmicas diplomáticas entre os políticos desde que Bolsonaro se aliou ao centrão, um conglomerado de partidos políticos que negociam apoio ao governo em troca de cargos e nomeações de relevância.

Relação com o centrão cada vez mais firme

Ainda em 2019, quando assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro estabeleceu menos de 20 ministérios para integrar a sua gestão.

Um dos afetados foi o Ministério do Trabalho e Previdência, que havia sido incorporado à pasta de Paulo Guedes, ministro da Economia. Agora, com a reforma ministerial prometida para esta semana, o presidente recriou a pasta e nomeou o aliado Onyx Lorenzoni como titular desta. O membro do governo atualmente ocupa o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e já chefiou outros ministérios no governo de Bolsonaro, sempre em cargos decisivos ou de grande importância.

Bolsonaro também recriou o Ministério das Comunicações, que havia sido incorporado ao Ministério da Ciência e Tecnologia ainda no governo de Dilma Rousseff. Naquela época, a presidente começava uma reforma ministerial a fim de cortar gastos do funcionalismo público. Hoje, com o país em crise, Bolsonaro faz justamente o contrário, pois, precisa acomodar o centrão em seu governo a fim de garantir governabilidade e evitar um processo de impeachment, visto que ele acumula mais de 100 requerimentos pedindo sua saída do governo federal.

Impeachment cada vez mais improvável

Em 2016, o processo que encerrou o mandato da presidente Dilma Rousseff durou meses e foi relativamente rápido, tendo em vista que os parlamentares já guardavam certa confiança no vice-presidente Michel Temer, um dos líderes do MDB, partido que à época possuia o maior número de parlamentares do Congresso Nacional. Com a aliança de Jair Bolsonaro e partidos do centrão, e uma possível filiação ao PP para se candidatar a presidência no próximo ano, é bem improvável que Bolsonaro sofra um processo de impeachment.

Analistas avaliam que as eleições estão próximas, Bolsonaro está derretendo na avaliação da população, principalmente por suspeitas de esquemas de corrupção envolvendo seu governo e a má gestão da pandemia de Covid-19, que já deixou mais de meio milhão de mortos no Brasil.

Dessa forma, ao cultivar alianças com Bolsonaro, os políticos podem conquistar mais predominância no governo, pois, Bolsonaro não está na posição de pedir, mas, de oferecer. Isso fica ainda mais evidente como a cessão do Ministério da Casa Civil ao líder do PP, senador Ciro Nogueira, que se traduziu em mais uma baixa dos militares no Governo Federal para alocar políticos do centrão.