Desde o último final de semana, o cantor sertanejo Sérgio Reis tem sido um dos assuntos mais comentados nas redes sociais e sites de notícias. Mas não por causa do lançamento de alguma nova música ou novo disco, ou ainda por uma live nas redes sociais.

A razão pela qual o nome do cantor de sucessos como “Menino da Porteira” e “Panela Velha” tem ganhado tanta repercussão foi o áudio vazado em que declarou que iria dar um ultimato a Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, para que fosse aprovado o voto impresso e que fossem retirados todos os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O sertanejo, no áudio, ainda faz a ameaça de que, se suas reivindicações não fossem atendidas, isto iria ter consequências. “O país vai parar”, ameaçou o artista.

Perna curta

Mas as bravatas do cantor foram logo desmascaradas. Lideranças dos caminhoneiros não demoraram muito para declarar que o artista e empresário do setor agrícola não representa a categoria. Vendo que suas tentativas de cooptar a classe dos caminhoneiros para levar à frente sua pauta extremista não deu certo, restou ao cantor recuar das ameaças golpistas que fez e então ele gravou um vídeo em que disse que foi mal interpretado. Sua esposa chegou a declarar que ele está deprimido.

Bolsonaro

Os temas que o artista de 81 anos abordou em suas graves declarações fazem parte da pauta antidemocrática do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que mesmo com a votação da Câmara dos Deputados que enterrou de vez o assunto sobre o voto impresso, ainda insiste no tema.

A nova obsessão do presidente é dizer que irá pedir o impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Política

Mais conhecido por ter feito parte da Jovem Guarda na década de 1960 e depois ter se tornado referência na música sertaneja, Sérgio Reis não é um novato quando o assunto se trata de política.

Ele exerceu o mandato de deputado federal pelo estado de São Paulo entre os anos de 2015 e 2018 –por ter enfrentado problemas de saúde ele não tentou se reeleger. Mas ainda atuante na política, Sérgio Reis é filiado ao partido Republicanos e líder de um grupo de cantores sertanejos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Queimado

A grave declaração de Sérgio Reis de que iria invadir o Supremo e tirar “na marra” os ministros de lá foi o suficiente para apagar a imagem de uma pessoa tranquila que a participação do cantor em novelas ajudou a construir. Ele participou de folhetins de sucesso em que interpretava basicamente o mesmo personagem, um simpático peão de boiadeiro, sendo comum vê-lo demonstrando suas habilidades como tocador de berrante.

Viralizou nas redes sociais imagens em que um fã decepcionado queima discos de vinil do cantor sertanejo. No final do vídeo aparece a mensagem: “Sérgio Reis, este será o seu lugar na história”.

Polícia

Além da decepção dos fãs, Sérgio Reis ainda poderá enfrentar problemas com a lei.

A Polícia Civil do Distrito Federal (DF) decidiu abrir um inquérito contra o artista para apurar as ameaças feitas por ele a membros do STF. Além disso, um grupo de subprocuradores entrou na terça-feira (17) com uma representação contra ele por supostamente ter cometido o crime de incitação à subversão da ordem política ou social e também de incitação ao crime.

É preciso investigar

Na segunda-feira (16), o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), em sua conta no Twitter, disse que recebeu a informação de que um deputado federal pediu ressarcimento à Câmara de despesa no valor de R$ 55 mil para substituir uma "prótese peniana" e que conta com a ajuda de Sérgio Reis para esclarecer se teria sido ele o autor do pedido.

O ex-parlamentar não ajudou na elucidação do caso, pois não respondeu ao questionamento de Pimenta.

Live

Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, dessa vez com um tom mais pacifista, o cantor se pronunciou novamente sobre toda a situação envolvendo seu nome e disse que sua intenção foi que o pedido de impeachment de ministros do Supremo apenas fosse “estudado” pelos senadores.