Depois de ter recusado o convite para participar da posse do ministro Edson Fachin como o novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando uma "extensa agenda", o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi conversar com seus apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada até poucos minutos antes do início da cerimônia no TSE.

Expediente

Após o expediente no Palácio do Planalto, o presidente Bolsonaro chegou às 18h30 da terça-feira (22) ao Palácio da Alvorada. Ele então ficou conversando com apoiadores por volta de meia hora, como costuma fazer quase que diariamente.

Às 19h08, depois das conversas, ele se recolheu à residência oficial da Presidência da República –a sessão de posse no TSE teve início às 19h13. O evento contou com a presença do vice-presidente, Hamilton Mourão, que participou de maneira virtual.

Agenda

O Palácio do Planalto comunicou por meio de ofício ao TSE que o presidente Jair Bolsonaro não iria participar da cerimônia de posse do ministro Edson Fachin, pois ele teria "compromissos preestabelecidos" em uma "extensa agenda". Na agenda oficial do presidente da República para a terça-feira (22), que pode ser conferida no site oficial do Palácio do Planalto, estão registrados apenas quatro compromissos, que dão o total de três horas, e nenhum deles conflitava com o horário da posse no TSE.

O último compromisso de Jair Bolsonaro foi uma reunião com o advogado-geral da União, Bruno Bianco, que começou às 15h30 e terminou às 16h. O documento em que informava que não iria participar da posse de Edson Fachin foi enviado ao TSE na última segunda-feira (21) e teve a assinatura de Claudia Teixeira dos Santos Campos, a chefe do Gabinete Adjunto de Agenda do Gabinete Pessoal do presidente da República.

"Considerando compromissos preestabelecidos em sua extensa agenda, o senhor presidente Jair Bolsonaro não poderá participar do referido evento. Assim, agradece a gentileza e envia cumprimentos", afirma o documento.

Rusgas com o TSE

O convite feito ao presidente da República para participar da cerimônia virtual foi entregue a Bolsonaro pessoalmente pelos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes no último dia 7.

Segundo o colunista Valdo Cruz, do portal G1, o encontro teve a duração de nove minutos e Jair Bolsonaro não respondeu se iria ou não à posse.

Jair Bolsonaro frequentemente critica o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que agora acumula também o cargo de vice-presidente do TSE. Bolsonaro participou de um ato político no feriado de 7 de setembro do ano passado e declarou que não iria mais cumprir decisões de Alexandre de Moraes. Na ocasião, o mandatário chegou até mesmo a ameaçar o presidente do STF, Luiz Fux: "Ou o chefe desse Poder enquadra o seu [Alexandre de Moraes] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos".

Dois dias depois, o ocupante do Palácio da Alvorada divulgou um texto chamado "Declaração à Nação" em que declarou que em momento algum teve a intenção de agredir qualquer dos Poderes.

De acordo com o texto, quem exerce o poder não pode se permitir “esticar a corda” para não "prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia".

Bolsonaro voltou a bater de frente com Alexandre de Moraes ao não comparecer a um depoimento marcado pelo magistrado na Polícia Federal (PF). O depoimento de Bolsonaro fazia parte de um inquérito que investiga se o presidente da República vazou informações secretas de uma invasão hacker no TSE. Bolsonaro teria vazado as informações em uma live nas redes sociais. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu na última quinta-feira (17) que o STF arquivasse o inquérito.