Ao longo da campanha eleitoral em que saiu derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL) teria convivido com várias brigas entre membros de sua família.
Segundo informações da colunista Juliana Dal Piva, do portal UOL, divergências entre o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a primeira-dama Michelle Bolsonaro e entre os filhos 01, 02 e 03 do presidente marcaram os bastidores da campanha de Bolsonaro em momentos cruciais da disputa pela reeleição.
Madrasta
Nos últimos dias, a briga entre Carlos e Michelle teria se tornando de conhecimento público, quando se percebeu que a esposa do presidente não seguia mais o marido nas redes sociais.
Logo surgiram rumores de que o casal estaria prestes a se separar. Em publicação no Instagram, Michelle se pronunciou sobre o assunto e explicou que as contas do marido não são administradas por ele. Ainda que a esposa do mandatário não tenha dito o nome do enteado, é de conhecimento público que o filho 02 de Bolsonaro tem acesso aos perfis do pai nas redes sociais.
Segundo a apuração de Juliana Dal Piva, a briga entre Carlos e Michelle aconteceu no começo de outubro, entretanto, os dois estariam se estranhando desde o funeral da rainha Elizabeth 2ª, ocorrido no mês de setembro. Na ocasião, madrasta e enteado teriam brigado para decidir quem ficaria próximo a Jair Bolsonaro.
Nos últimos meses, Michelle teria restringido o acesso de Carlos à residência oficial da Presidência da República, deixando-o contrariado.
O filho 02 de Bolsonaro também teria ficado incomodado com a utilização de uma equipe de marketing na campanha do pai. Segundo Dal Piva, seu objetivo era reprisar a tática utilizada em 2018, que, em sua visão, deu a vitória ao pai.
Clímax
O auge da discussão, entretanto, teria ocorrido na última semana antes da eleição, quando Carlos estava reunido no Palácio da Alvorada com o pai e outros membros da campanha.
Segundo Dal Piva, Michelle pediu na ocasião que alguém informasse ao enteado que ele deveria se retirar do local, relembrando-o que ela já havia pedido para ele não frequentar a residência oficial. Carlos teria se retirado do local e, contrariado, resolveu não acompanhar o pai no debate da TV Globo, realizado no dia 28 de outubro.
Depois do debate, aliados mais próximos do presidente lamentaram que, apesar de toda a preparação, Bolsonaro havia ficado abalado com a ausência do filho no debate, o presidente chegou até mesmo a tremer e cometeu um ato falho quando pediu votos para um novo mandato como “deputado federal”. Por esses motivos, os interlocutores de Bolsonaro não estranharam que Carlos não tivesse comparecido ao pronunciamento do presidente na terça-feira (1°).
Carlos retornou ao Rio de Janeiro para voltar às suas atividades como vereador depois de ter tirado uma licença para ajudar na campanha do pai. Dos filhos de Bolsonaro, ele é o mais atuante nas redes sociais e já não tem postado nada desde pouco tempo antes do resultado da disputa eleitoral.
Carlos nem mesmo endossou de maneira pública as manifestações antidemocráticas contra o resultado do pleito eleitoral, assim como fizeram seus irmãos.
01
Quem também não esteve no pronunciamento do presidente da República, que falou sobre sua derrota para Lula, foi o filho mais velho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na segunda-feira (31), dia anterior ao discurso de Jair Bolsonaro, o senador foi às redes sociais e publicou mensagem em que não levantou questionamento sobre a lisura do processo eleitoral.
03
Flávio simplesmente agradeceu quem votou em seu pai e declarou, entre outras coisas que era hora de “erguer a cabeça” e que eles não iriam desistir do país. Horas mais tarde, ele publicou uma mensagem de apoio ao pai.
Interlocutores que conversaram com a colunista do UOL disseram que a primeira mensagem do primogênito desagradou os outros irmãos, entre eles o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Eduardo, segundo Dal Piva, defendia a radicalização do discurso e o questionamento do resultado eleitoral.
Flávio também estaria se desentendendo com Carlos há meses, pois, enquanto o senador tem um bom trânsito na cúpula do PL e era o coordenador da campanha, Carlos a todo o momento teria feito críticas à equipe de marketing apoiada pelo irmão.