A Polícia Federal (PF) vai investigar qual foi a motivação do ex-presidente Jair Bolsonaro para permanecer por dois dias na embaixada da Hungria, em Brasília, depois que teve o passaporte apreendido durante operação em que apurava tentativa de golpe de Estado.

Investigadores querem saber em quais circunstâncias o ex-mandatário ficou hospedado na representação diplomática entre os dias 12 a 14 de fevereiro para averiguar se aconteceu uma tentativa de fuga. As informações são do jornal O Globo.

A ida de Bolsonaro à embaixada foi revelada pelo jornal The New York Times, que exibiu imagens das câmeras de segurança da embaixada.

O próprio Jair Bolsonaro divulgou nota em que confirmou que permaneceu por dias no local. A nota dizia que ele “ficou hospedado” com a intenção de “manter contatos”. Em um evento do seu partido, o PL, em São Paulo, Bolsonaro afirmou que costuma frequentar embaixadas pelo país e conversa com os embaixadores.

O ex-ocupante do Palácio da Alvorada está sendo investigado por participar de suposta trama para dar um golpe de Estado, fraude em seu cartão de vacinação e também está sendo investigado pelo desvio de joias do acervo da Presidência da República.

Bolsonaro não poderia ser preso se estivesse dentro de uma embaixada de outro país, pois prédios consulares estão sob a proteção de convenções internacionais e por isso estão fora do alcance das autoridades brasileiras.

As imagens mostram o ex-presidente do Brasil acompanhado do embaixador da Hungria e de dois seguranças.

Foi um funcionário da embaixada da Hungria que confirmou ao jornal estadunidense a intenção de recepcionar Jair Bolsonaro. De acordo com o jornal, o ex-presidente, que se encontra inelegível até 2030, poderia estar contando com o vínculo de amizade que possuí com o premiê húngaro Viktor Orbán para uma possível tentativa de escapar da Justiça.

A defesa do político rebate a informação e afirma que Bolsonaro e o embaixador húngaro reuniram-se para debater cenários políticos entre os dois países.

STF

Interlocutores da diplomacia brasileira afirmaram ao Globo que, ao menos por enquanto, não está sendo cogitada uma convocação do embaixador húngaro em Brasília para prestar esclarecimentos sobre a ida do ex-presidente brasileiro à embaixada da Hungria.

Um diplomata disse que o caso "é mais com o STF do que conosco".

Amigo

Expoente da direita e aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, Viktor Orbán defendeu o aliado brasileiro dias antes de Bolsonaro passar as noites na embaixada da Hungria depois de ter o passaporte apreendido. Na ocasião, Orbán divulgou em uma rede social foto em que estava ao lado de Bolsonaro e o incentivou a "continuar lutando".