Foi preso por agentes da Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (24), em Santo Cristo, Zona Portuária do Rio de Janeiro, o pastor Tupirani da Hora Lores. O religioso ficou famoso por proferir discursos de ódio contra homossexuais, judeus e praticantes de outras religiões. A investigação da PF aponta que o pastor foi o autor de vários vídeos em que ataca diretamente judeus e praticantes de outras religiões. Tupirani vai responder pelos crimes de ameaça e incitação, apologia ao crime e racismo.

Liberdade

O pastor é o líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo.

Ele estava sendo investigado no âmbito da operação Rófesh, o termo em hebraico quer dizer liberdade. A operação foi batizada com este nome por causa das recentes discussões sobre quais seriam os limites da liberdade de expressão.

Tupirani teve seu celular apreendido. No momento da prisão, ele estava vestindo uma camisa em que estava escrito “Não sou vacinado”, uma referência à imunização contra a Covid-19. No mês de agosto de 2021, o religioso declarou durante uma pregação que “igreja não levanta placa de filho da p* negro e v*”, sua fala foi uma resposta ao pedido de desculpas da pregadora Karla Cordeiro, mais conhecida como Kakau, da Igreja Sara Nossa Terra, que havia feito declarações racistas e homofóbicas no dia 31 de julho.

Após a repercussão das imagens, Kakau tentou se retratar por meio de uma nota no dia 3 de agosto. O pastor ficou irritado com o pedido de desculpas da pregadora. Em uma pregação aos gritos, ele soltou várias palavras de baixo calão contra Karla Cordeiro e os frequentadores da Igreja Sara Nossa Terra.

Esta não é a primeira vez que o número um da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo enfrenta problemas com a Justiça.

No ano de 2009 ele já havia sido preso por intolerância religiosa e ficou marcado por se tornar o primeiro réu condenado por este crime no país. Três anos depois ele voltou a ser preso por ter cometido o mesmo crime, além de apresentar comportamentos racistas, homofóbicos e xenófobos.

No ano passado, ele foi investigado pela operação Shalom da PF.

Agentes da corporação fizeram busca e apreensão e descobriram que, quando ele estava realizando um culto, Tupirani pediu que fosse feito um “massacre” contra os judeus, que de acordo com ele “deveriam ser envergonhados como foram na Segunda Guerra Mundial”, o pastor até mesmo ameaçou a Polícia no mesmo vídeo. O caso teve repercussão até nos jornais de Israel.

A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro e a Confederação Israelita do Brasil (Conib) enviaram uma notícia-crime à PF. O advogado responsável pela notícia-crime, Ricardo Sidi falou que em seu entendimento o religioso se trata de um caso raro para a Justiça do Brasil. Ele explicou que, por regra, os acusados ficam em liberdade até o trânsito em julgado, porém, o pastor é um caso clássico de situação em que se é preciso pedir a prisão provisória, pois ele não consegue parar de cometer os atos.