Nesta última terça-feira (27), em visita à Superintendência da Polícia Federal (PF), no Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, respondeu sobre algumas cobranças que vem recebendo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
Bolsonaro vem sistematicamente fazendo críticas a Moro. O presidente considera que o ministro é o responsável pelas pressões que o Planalto vem sofrendo na questão sobre a Lei de Abuso de Autoridade.
Segundo a revista Crusoé, do site O Antagonista, o ex-juiz da Operação Lava-Jato está desconfortável com a situação e estuda a melhor oportunidade para deixar o cargo.
Contudo, na última terça-feira (27), os dois protagonizaram uma troca de afagos via Twitter, mostrando estarem unidos por um bem maior.
Estamos juntos, Sr. Presidente. Pelo Brasil e pelo futuro.
— Sergio Moro (@SF_Moro) August 28, 2019
Vaza-Jato
Ainda com um alto de índice de aprovação por boa parte da população brasileira, Moro se notabilizou por sua atuação como juiz da Operação Lava-Jato, porém, o ex-juiz tem visto sua popularidade ser abalada por conta das reportagens publicadas pelo site The Intercept Brasil, que desde o começo de junho deste ano revelam que Moro interferiu na ação dos procuradores da Lava-Jato durante o processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta série de reportagens, foram divulgados vários áudios que mostram a atuação polêmica do ex-juiz, em série de reportagens batizada como "Vaza-Jato".
'Vamos, Moro!', explana Bolsonaro
Sergio Moro fez elogios públicos ao chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Valeixo, vale ressaltar, havia sido ameaçado dias atrás por Jair Bolsonaro de ser destituído do cargo. No mesmo dia em que elogiou o chefe da PF, Sergio Moro deu declarações de apoio a Jair Bolsonaro.
Em sua conta oficial no Twitter, o ministro disse que haverá um avanço no combate à corrupção, promovido por sua pasta, e que este avanço está em total alinhamento com a orientação de Jair Bolsonaro.
O presidente rapidamente respondeu o ministro, demonstrando união entre ambos.
O tom cordial entre o presidente e o ministro contrasta com que tem sido visto nos últimos dias. De acordo com matéria do jornal O Globo de sábado (24), Bolsonaro está insatisfeito com o trabalho de Moro e vem tentando inviabilizar a presença de seu atual ministro da Justiça e Segurança Pública no comando da pasta.
Bolsonaro teria ficado irritado ao saber da reunião que Moro teve com Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para pedir que este revisse a proibição de investigações iniciadas a partir do compartilhamento de relatórios do Coaf sem autorização judicial.
Poucos dias depois, ao comentar a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que ele é "quem manda". O presidente também afirmou que ele é o responsável por escolher o diretor-geral da corporação, o que contraria o discurso da “liberdade total” dada a Moro.