O colunista Leonardo Sakamoto, do portal UOL, escreveu um artigo em que reflete sobre o –até o momento– silêncio tanto do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), quanto do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sobre o ataque à sede da produtora do Porta dos Fundos, que ocorreu na última terça-feira (24).

A tentativa de incêndio ao local onde funciona a sede do grupo de humoristas aconteceu devido ao lançamento pela Netflix de um filme que narra os eventos do aniversário de 30 anos de Jesus Cristo, e na produção são vistas várias visões de personagens bíblicos que desagradaram a muitas pessoas.

Verborragia

O jornalista aponta o contraste entre a “verborragia” do presidente Bolsonaro com seu silêncio sobre o lamentável incidente, e também relata que o ex-juiz da Lava-Jato e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, também manteve silêncio sobre o tema.

Embora este ataque seja uma afronta à democracia e à liberdade de expressão, Moro preferiu se manifestar sobre o indulto de Natal a policias, se dedicar à defesa do pacote anticrime, realizar propaganda pessoal e também a aparecer nas redes sociais ao lado de uma estátua de Winston Churchill.

O jornalista continua sua reflexão afirmando que o silêncio que a autoridade máxima do país e seu auxiliar demonstraram para com este crime pode soar como anuência e, pior ainda, como endosso em que figuras autoritárias podem se sentir motivadas a cometerem novos ataques terroristas.

Defesa da democracia

O artigo do UOL opina que Jair Bolsonaro não precisa necessariamente concordar com o Porta dos Fundos, mas sua função como presidente da República é proteger a democracia. O problema, segundo Leonardo Sakamoto, “é a dificuldade em proteger algo do qual entende-se muito pouco”.

A violência que é vista no Brasil há muito tempo, que é cometida principalmente contra negros, indígenas, população LGBT+ entre outras minorias, agora se volta contra a classe média urbana e formadores de opinião e intelectuais, assim como já havia acontecido na ditadura militar.

O ódio não é uma nova invenção, porém agora atinge novos níveis. O que será que está por vir? Bombas em redações de jornais, ou outras práticas já vistas em tempos passados? Com a política de armas que é defendida pelo presidente da República, isto ficou até mais fácil, afirma Sakamoto.

Muito foi dito na campanha eleitoral para presidente que o ódio que Jair Bolsonaro semeou iria dar frutos mais a frente em seu mandato.

A surpresa, afirma o jornalista, é que isto aconteceu mais rápido do que fora previsto, não se imaginava que logo no início de seu Governo seriam vistos ataques terroristas contra programas de humor. O jornalista afirma que isto é resultado da “competência” de Bolsonaro, que inunda a sociedade com discursos que apoiam gerras culturais e políticas.