A Netflix estreou na sexta-feira (17) sua mais nova série do gênero fantasia, “Cursed: A Lenda do Lago”. A produção tem dez episódios na sua primeira temporada, com cada episódio com uma média de 55 minutos. A obra é baseada em uma história em quadrinhos de Thomas Wheeler e Frank Miller, os próprios autores estão envolvidos na produção da Netflix. “Cursed: A Lenda do Lago” é uma releitura das lendas do Rei Arthur.

O elenco é encabeçado por Katherine Langford, atriz que ficou conhecida como a Hanna Baker da série “13 Reasons Why”, também do catálogo da Netflix.

Langford dá vida a Nimue, também conhecida na série como Bruxa do Sangue de Lobo. Na primeira temporada ela ainda não recebeu a alcunha de Dama do Lago das lendas do Rei Arthur.

Excalibur

Embora a “Espada do Poder” esteja presente na trama, o nome Excalibur não é mencionado. O que não falta à série é ousadia em mostrar algo bem diferente da mitologia do universo mítico diversas vezes já visitado por obras audiovisuais e literárias.

Girl Power

Na nova atração da plataforma de streaming, se encontra uma presença forte das mulheres. Além da protagonista, existem outras figuras femininas fortes, tanto do lado do bem como do lado do mau. Na medida do possível, a série procura retratar as personagens femininas como mulheres de iniciativa, evitando colocá-las como dependentes de homens que as irão salvar.

Tudo novo

Os personagens clássicos desse universo ganharam uma nova roupagem, não serão encontradas na produção as imagens clássicas de personagens como Arthur, Merlin, Morgana, Percival. A obra ainda guarda uma surpresa ao revelar mais um personagem clássico das lendas do Rei Arthur.

Além de não ser o protagonista da saga, Arthur (Devon Terrell) é apresentado como um jovem mercenário, que vive de pequenos golpes.

Mas apesar de a obra querer retratá-lo como uma espécie de malandro do bem como o Han Solo da saga "Star Wars", o personagem é, na verdade, um rapaz com um passado traumático que busca ter um comportamento honrado. Esta dualidade do personagem fica mais sugerida do que bem executada pela série.

Quem teve mais sorte em desconstruir um personagem clássico foi o ator Gustaf Skarsgard, com sua versão do Mago Merlin.

O ator alterna passagens dramáticas com um ar debochado, o que em alguns momentos deixa o personagem próximo ao icônico Jack Sparrow da franquia "Piratas do Caribe".

Outro destaque da trama é o ator Peter Mullan, que vive o Padre Carden, líder dos Paladinos Vermelhos, um exército de monges assassinos. Outro que não deu conta do recado foi o ator Daniel Sharman, ele interpreta o Monge Choroso, um assassino altamente eficiente dos Paladinos Vermelhos.

As vestimentas do personagem lembram outro personagem da saga "Star Wars", Kylo Ren. Mas as semelhanças não param por aí, até mesmo a personalidade dividida do personagem interpretado por Adam Driver é reproduzida na nova série, com resultados risíveis.

Mesmo com sua louvável tentativa de renovar um universo tantas vezes revisitado, “Cursed: A Lenda do Lago” acaba parecendo uma colcha de retalhos ao usar tantas referências em sua trama. Há traços de obras como "The Witcher", "Game of Thrones" e "Vikings", em determinado momento a série emula até mesmo filmes da Marvel Studios.

Outro ponto negativo da produção são seus efeitos visuais terrivelmente mal realizados, já em seu primeiro episódio, a série terminou com uma sequência capaz de fazer muitos espectadores ficarem revoltados com a péssima qualidade do que foi visto na tela.

Neste sentido, “Cursed” também se aproxima da clássica série da década de 1990 “Xena: A Princesa Guerreira”, a diferença é que a produção protagonizada por Lucy Lawless não se levava a sério e acabou ganhando o status de cult por ser trash.

Talvez este seja o caminho que a nova produção da gigante do streaming siga se continuar apresentando uma estrutura narrativa que vai por caminhos tantas vezes já percorridos, efeitos visuais nada convincentes e poucas boas interpretações.