Na última sexta-feira (21), a Netflix estreou a série de animação “Hoops”, mais uma produção voltada para o público kidult, como tantas outras que constam no catálogo da plataforma de streaming. A obra, que tem dez capítulos em sua primeira temporada, é uma criação de Ben Hoffman para a CBS. Cada episódio tem a duração média de 25 minutos.
A trama
O protagonista da série é o treinador Ben Hopkins, que ganhou a voz de Jake Johnson. O personagem é um homem perto de completar quarenta anos que não se conforma com o término de seu casamento com Shannon (Natasha Leggero), além de ter uma relação conturbada com seu pai Barry Hopkins (Rob Riggle).
Barry foi um grande jogador de basquete e uma figura lendária na escola que agora seu filho Ben trabalha como técnico. Para piorar a relação entre pai e filho, Barry Hopkins é o dono de uma grande churrascaria da cidade e é um popstar local.
Ben leva uma vida que não o satisfaz, ele treina um grupo de jovens que não possuem altura, forma física e nem talento para o basquete, até que o treinador consegue convencer Matty (A. D. Miles), um adolescente de 2,10 m a entrar para a equipe. Desta maneira, com o reforço do jovem, o time de péssimos jogadores consegue melhorar um pouco seu nível e como resultado, Ben Hopkins continua a alimentar seu sonho de se tornar um grande treinador.
O comportamento nada maduro do protagonista pode ser explicado em parte por sua relação com esses dois personagens.
Ben desde jovem sofre a pressão por ser filho de um astro do basquete, mas ele próprio não conseguiu ter sucesso como jogador, talvez venha daí sua fixação com a profissão de técnico de basquete, uma forma de conseguir fazer com que seu pai se orgulhe dele.
Ben está sempre tentando retomar o seu casamento com Shannon. Apesar dela estar namorando o calmo e compreensivo Ron (Ron Funches), melhor amigo de Ben e seu treinador assistente, o protagonista se recusa a assinar os papéis do divórcio e sempre diz que Ron é o namorado de sua esposa.
Do que se trata?
A criação de Ben Hoffman acompanha as trapalhadas, os fracassos e os poucos sucessos na vida de um homem grosseiro e com sérios problemas em controlar sua raiva. Ben Hopkins não é um personagem simpático, ou ético, ao contrário de um Homer Simpson, por exemplo, que a despeito de todas as suas atitudes questionáveis, sempre acaba se arrependendo das besteiras que faz e mostra ter um bom coração.
A produção não se dedica em fazer piadas sobre política, estando mais interessada em fazer humor com elementos da cultura pop. Fica então o grande questionamento, qual seria a mensagem que a produção quer passar, seria apenas mostrar a existência de pessoas como o protagonista, que não conseguiram se estabelecer emocionalmente, ou será que a intenção é somente o humor ácido sem nenhum outro objetivo?
A série pode não agradar a muitos por seu tom ácido, principalmente a partir do oitavo episódio em que o protagonista toma atitudes cada vez mais egoístas. Justiça seja feita, Ben não é o único que apresenta um comportamento cínico, alguns outros personagens também demonstram certa falta de empatia.
A série de animação apesar de ser interessante peca por servir apenas como palco para as atitudes questionáveis de seu protagonista e não apresenta um objetivo muito claro do que qual é a sua mensagem. No campo das animações voltadas para o público adulto a nova produção passa longe da qualidade de uma “F is For Family”, por exemplo.