A produção que estreou nesta sexta-feira (16) no catálogo da Netflix "Os 7 de Chicago" (The Trial of Chicago 7) percorreu um longo caminho até chegar ao grande público.
Inicialmente, o longa-metragem foi idealizado para ser exibido na tela grande. O renomado roteirista Aaron Sorking escreveu o roteiro desta história baseada em eventos reais há mais de dez anos.
Sorking queria que Steven Spielberg estivesse na direção do projeto, mas devido aos compromissos do diretor na época, o cineasta não conseguiu participar da obra.
O roteirista, que se lançou como diretor em 2017, com "A Grande Jogada", assumiu também a direção de "Os 7 de Chicago".
O longa de 2h10 é uma aposta da Netflix para a temporada de premiações.
Elenco estelar
Estão na produção: Sacha Baron Cohen, Eddye Redmayne, Joseph Gordon-Levitt, Frank Langella, Michael Keaton e outros. Aliás, o elenco é um dos principais destaques do novo filme da Netflix, não apenas por ter nomes conhecidos, mas sim pela atuação inspirada da maioria dos atores.
A trama
O filme reconta a história verídica do confronto ocorrido em 1968 na Convenção Nacional Democrata entre a polícia e manifestantes pacíficos.
Os organizadores da manifestação foram acusados de incitação ao tumulto e conspiração. O julgamento que veio a seguir foi um dos mais controversos da história dos Estados Unidos.
O fato fez com que a sociedade norte-americana refletisse sobre quais deveriam ser os limites no direito de protestar e também sobre o uso da força empregada pela polícia para manter manifestações pacíficas.
O oitavo elemento
Alguns dos organizadores do protesto que foram levados a julgamento foram: Abbie Hoffman, Bobby Seale, Jerry Robin e Tom Hayden.
Bobby Seale, o fundador dos Panteras Negras, foi o oitavo acusado e não foi a julgamento por ter sido condenado imediatamente por desacato e foi logo mandado para a prisão pelo juiz do caso.
Bobby era o único negro do grupo.
O audiovisual já havia visitado esta história anteriormente, na produção independente "The Chicago 8" (2011), que teve pouca repercussão.
O longa surge em um momento em que os eventos ocorridos há pouco mais de cinco décadas ainda fazem conexão com o momento atual dos Estados Unidos.
A trama inicia de maneira ágil, os personagens são apresentados com legendas que mostram quem é quem.
Eles aparecem fazendo os preparativos para a viagem para Chicago, em que pretendiam protestar de forma pacífica contra a guerra do Vietnã.
São intercaladas imagens reais de figuras importantes da história dos Estados Unidos que tiveram relevância naquele momento conflituoso que o país estava atravessando.
Sorking conduz a trama de forma relativamente leve e bem humorada até o meio do filme. Quando acontece a primeira, e mais chocante, reviravolta, a forma repugnante com que Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II) é tratado no julgamento pelo juiz Jullies Hoffman (Frank Langella).
A produção praticamente não tem um protagonista, mesmo que alguns dos acusados tenha mais destaque que outros. A trama aposta numa narrativa quase jornalística em que procura ver todos os lados da história.
Um dos pontos altos na trama é a sequência em que mostra a violência que o líder dos Panteras Negras sofreu no tribunal.
Outro ponto de destaque é a reviravolta que o caso toma com a descoberta das atitudes tomadas por Tom Hayden (Eddye Redmayne).
Música
Enquanto na sequência anterior o diretor optou pelo silêncio para transmitir a mensagem, nesta segunda Sorking optou por elevar a tensão e a música tem papel importante para a construção do clima tenso.
A trilha sonora de Daniel Pemberton, apesar de atingir seus objetivos, é um ponto fraco do filme, pois ela aparece de maneira pouco natural, soando forçada.
Aaron Sorking é indiscutivelmente um dos maiores roteiristas de Hollywood, mas como diretor de Cinema ainda não atingiu o mesmo nível.
Ainda assim, "Os 7 de Chicago" cumpre bem seu papel em levar para o público uma história impactante, ainda que em vários momentos as licenças poéticas sejam gritantes.