O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), desrespeitou o princípio constitucional de não interferir em políticas de nações estrangeiras ao declarar que gostaria que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump fosse reeleito nas eleições presidenciais de 2020.
Inconformado com a derrota de Trump, Bolsonaro, assim como o candidato derrotado, fez afirmações de que as eleições foram fraudadas, e também como Trump, não apresentou provas de suas afirmações. Como se isso não fosse o bastante, Bolsonaro também não repudiou a atitude de extremistas que, incentivados por Donald Trump, invadiram o Capitólio no últimodia 6 de janeiro, o que provocou a morte de 5 pessoas e deixou vários feridos.
Na ocasião, além de não repudiar o ato bárbaro dos extremistas de direita que apoiavam Donald Trump, Jair Bolsonaro falou sobre o tema e declarou que vai acontecer algo pior no Brasil na eleição presidencial de 2022 caso a eleição não seja feita com cédula de papel.
A conta chegou para o presidente da República brasileiro. A Comissão de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos quer que o mandatário da América do Sul faça uma declaração sobre o ataque ao Congresso dos EUA. O pedido foi feito por meio de uma carta enviada ao mandatário brasileiro, enviada pelo presidente da comissão, o senador do Partido Democrata Robert Menendez.
Ernesto Araújo
Menendez, no pedido, ainda mencionou Ernesto Araújo, o ministro das Relações Exteriores brasileiro.
O senador norte-americano quer que tanto o presidente da República quanto o chanceler condenem a invasão. Caso não haja uma resposta dos dois, poderá haver prejuízos na relação entre as duas nações.
Robert Menendez afirmou ainda que, caso Bolsonaro e Araújo permaneçam em silêncio em relação ao tema, isto significaria que o Governo do Brasil estaria de acordo com a narrativa dos extremistas de direita.
Até as 11h da manhã de domingo (14), o Ministério das Relações Exteriores não havia comentado o assunto.
Na carta, o senador Menendez descreveu a invasão como sendo um ato de terrorismo que provocou mortes e que não foi um ato de “cidadãos de bem”, como teria afirmado o ministro Ernesto Araújo. O senador do Partido Democrata completou afirmando que o fato de Araújo ter saído em defesa desses atos mostra o quanto o ministro brasileiro está desconectado do que está acontecendo atualmente nos Estados Unidos.
Encontro
Bolsonaro terá mais uma chance de tentar construir uma relação forte com o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Os dois mandatários irão se reunir em um evento virtual que contará com a presença de outros chefes de Estado.
Biden já ameaçou o Brasil com sanções econômicas caso o país não tomasse um posicionamento mais firme no combate ao desmatamento na Amazônia. Bolsonaro, por sua vez, em novembro, logo após a vitória de Biden, em resposta às falas do democrata norte-americano, fez uma patética ameaça aos Estados Unidos. Sem citar o nome do presidente recém-eleito, o morador do Palácio da Alvorada disse que “apenas pela diplomacia não dá” e que “depois que acabar a saliva tem que ter pólvora”.