As falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a pandemia da Covid-19 não passa de "mimimi" e "frescura" provocaram preocupação no seu entorno e aumentaram a pressão para que o mandatário faça um redirecionamento em seu discurso. O centrão e os militares no Governo estão liderando esse processo. As informações são do jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil.

Auxiliares próximos ao presidente classificaram como "péssima" a fala de Bolsonaro e concluíram que agora o foco do discurso do líder do Executivo tem que ser as vacinas. Isso quer dizer que Jair Bolsonaro deverá tanto defendê-las com mais determinação como também avaliar a possibilidade de o próprio Bolsonaro se vacinar, coisa que ele sempre deixou claro que não iria fazer.

Trata-se até mesmo de uma necessidade, visto que a nova cepa do coronavírus que está se disseminando pelo Brasil pode gerar até mesmo a reinfecção.

Segundo o que foi relatado por auxiliares, porém, Jair Messias Bolsonaro somente deverá pensar nessa hipótese quando chegar a sua hora de tomar a vacina. Jair Bolsonaro tem 65 anos e essa faixa etária deverá entrar em processo de vacinação por volta de 40 dias, Isso quer dizer que o presidente da República terá um bom tempo para que ele avalie se irá tomar a vacina ou não. Além disso, o plano é que Bolsonaro aguarde sua vez na fila para não tomar a vacina à frente de outros grupos prioritários.

Outra informação que deverá ser mais divulgada pelo governo federal é a de que a vacina da AstraZeneca, principal aposta do Palácio do Planalto, teve uma boa reação à cepa de Manaus do coronavírus.

Outros ministros declararam que vão tomar a vacina, pois a nova cepa tornou a vacinação uma necessidade.

Sendo assim, há quase um consenso no governo federal de que é preciso reorientar o discurso de Jair Bolsonaro por diversas razões. Interlocutores do ocupante do Palácio da Alvorada afirmam que pesquisas que a eles chegaram mostram que a vacina tornou-se a maior preocupação dos brasileiros, incluindo até os da base de apoio do presidente, ultrapassando até mesmo a preocupação com o desemprego.

Além disso, foi notado que o simpatizante de Bolsonaro começa a se descolar do presidente, incomodado com o discurso presidencial na pandemia, e começa a se tornar neutro em relação ao governo federal.

Não fez nada

Ainda existe a preocupação de que prevaleça a narrativa de que Jair Bolsonaro não fez nada em relação à pandemia e que isso possa ter um forte impacto na eleição presidencial do próximo ano justamente pelas declarações polêmicas do presidente da República.

Faz-se então a leitura de que a impressão de que Bolsonaro quase nada fez na guerra contra o vírus corre risco de ser dominante se a pandemia chegar até 2022 e que, nesse sentido, será necessário que as ações do governo federal na pandemia sejam reforçadas, como por exemplo, a própria compra dos imunizantes, mesmo que tardiamente, e também os recursos destinados para o pagamento do auxílio emergencial e para os créditos para as empresas. Fontes próximas ao presidente afirmam que existe uma agenda positiva para ser vendida, porém o próprio Bolsonaro desvia dela com suas declarações.