No mês de fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a coisa certa a se fazer seria impedir a circulação dos jornais Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo e também tirar da internet o site O Antagonista, por se tratarem, segundo o ocupante do Palácio da Alvorada, de “fábricas de fake news”. Bolsonaro falou que não faria isso por ser um “democrata”.

O historiador e analista político Marco Antonio Villa, em uma de suas lives diárias no YouTube, convidou seus espectadores a refletirem sobre a frase do presidente da República. O historiador afirmou que se Bolsonaro é um democrata e que o certo a se fazer seria fechar os jornais, então ele, na verdade, não é um democrata, pois não estaria fazendo o que deveria ser feito.

Contudo, na verdade, não é preciso muita reflexão para perceber que não é na democracia que governos fecham veículos de comunicação que lhe fazem críticas.

O democrata

Bolsonaro é uma espécie sui generis de democrata. Por diversas vezes já demonstrou seu apreço pela ditadura militar e tem até mesmo como ídolo o coronel do Exército e torturador Carlos Alberto Brilhante Ulstra, a quem já classificou como sendo um “herói”.

Bolsonaro tem formas estranhas de demonstrar que é um defensor da democracia. Em 2020, o mandatário marcou presença em manifestações antidemocráticas, sendo que uma delas ocorreu em frente ao quartel geral do Exército em Brasília.

Em sua mais recente live semanal, que acontece todas as quintas-feiras no Facebook, o democrata Jair Bolsonaro voltou a falar em golpe militar. Na live de quinta-feira (11), Bolsonaro afirmou a facilidade que é implementar uma ditadura militar no Brasil. A fala do líder do Executivo fez com que a hashtag #EuSouOExercitoDoBrasil ficasse entre os assuntos mais comentados nas redes sociais na manhã da sexta-feira (12).

Bolsonaro também fez uma afirmação que pode ser entendida como um recado de que ele deseja que haja um golpe militar sob seu comando.

Ele declarou, inclusive, que é o chefe das Forças Armadas. O recrudescimento das falas de Bolsonaro acontece no mesmo momento em que surgem novos fatos desfavoráveis ao seu governo e à sua popularidade.

A péssima gestão do mandatário em relação à pandemia é o principal motivo para a queda de popularidade do presidente. Na atual semana, o Brasil ultrapassou a triste marca de dois mil óbitos por dia, um lamentável recorde. Outros temas que têm causado dor de cabeça ao governo federal é a iminência de um colapso no sistema de saúde de vários estados e o desemprego crescente.

Peculiaridade

Outro fato peculiar que acontece no Brasil de Jair Bolsonaro é o país ter um governo federal em que é preciso que seus apoiadores façam manifestações em defesa do presidente da República.

Apoiadores de Bolsonaro anunciaram para domingo (14) manifestações em apoio ao atual presidente, que estão programadas para ocorrer em todo o Brasil. Os bolsonaristas programaram as manifestações em apoio ao seu “mito” a partir das 14h.