Chegou ao catálogo da Netflix nesta última quarta-feira (3) o filme “Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta” ("Moxie", no original em inglês). A produção estadunidense é baseada no livro “Moxie: A Novel”, da autora Jennifer Mathieu, e foi dirigida por Amy Poehler, que também está no elenco e ainda assume a produção ao lado de Kim Lessing, Morgan Sackett e David Hyman.
A trama
Vivian Carter (Hadley Robinson) é uma adolescente tímida de 16 anos que leva uma vida tranquila com sua mãe Lisa (Amy Poehler). O filme então mostra a vida comum da adolescente, que tem como melhor amiga Claudia (Lauren Tsai).
Ao ter que elaborar uma tarefa da escola em que ela tem que responder qual é a causa em que ela pretende se dedicar, a protagonista então percebe que nunca parou para pensar sobre o assunto, que não sabe qual causa gostaria de defender e qual seu objetivo na vida.
Buscando inspiração, ela faz uma busca em um famoso site de compartilhamento de vídeo e se depara com uma banda feminina de punk rock e decide procurar mais fontes de inspiração nos pertences de sua própria mãe Lisa, que é uma Riot Grrrl –integrante do movimento punk underground feminista do começo da década de 1990.
Vivian então produz um fanzine chamado Moxie –Geração Z procure no Google o que é um fanzine– e distribui em sua escola de forma anônima a obra que defende causas feministas.
A partir de então, a publicação promove uma verdadeira revolução entre as alunas da escola.
O mote da trama foi uma boa ideia para representar a transformação da personagem, que a partir de uma simples tarefa escolar, faz com que a personagem reflita sobre todas as mudanças que estão acontecendo com ela e com o mundo ao seu redor, muitas dessas mudanças ela só percebe a partir do momento em que outras pessoas entram em sua vida e mostram que ela estava vivendo em uma bolha e não estava conseguindo ver o que estava acontecendo ao seu redor.
Enquanto sua mãe, uma mulher independente e que não abandonou seus ideais feministas da juventude, é uma fonte de inspiração para Vivian, é no colégio que ela encontra a personagem que definitivamente irá fazer com que ela enxergue que desde a juventude as mulheres têm seu papel na sociedade desvalorizado, Lucy (Alycia Pascual-Peña).
Lucy é uma aluna novata na escola e, assim que chega à nova cidade, ela começa a ser assediada por Mitchell (Patrick Schwarzenegger), e como a própria personagem diz na trama, ela nunca irá abaixar a cabeça para ninguém. A novata então denuncia Mitchell à diretora da escola, Shelley (Marcia Gay Harden).
A diretora com ares conservadores não dá importância para o que Lucy relata sobre Mitchell. A diretora pode estar representando na trama o efeito que o machismo causa até mesmo em algumas mulheres, que se acomodam em uma cultura patriarcal por achar que as coisas não podem ser mudadas, ou que foram contaminadas pelo machismo e aceitam o papel que os homens impuseram às mulheres.
Schwarzenegger
O ator que interpreta Mitchell é o clichê dos filmes de High-School dos Estados Unidos: capitão do time de futebol americano, branco, alto, bonito, rico e mau-caráter. Além dessas características, no século 21 acrescentaram-se características criminosas ao clichê, como pode ser visto em obras como as séries “Euphoria” e “Os Treze Porquês”. O ator, que é filho de quem o(a) leitor(a) está pensando, está muito bem no papel, em que protagoniza cenas que poderiam estar nas séries citadas acima.
Amy Poehler
Conhecida mais por seu lado atriz de comédia, Poehler se destaca por não ter caído na tentação de dar maior destaque a si mesma na trama. Ela se contenta em reforçar o protagonismo de Hadley Robinson.
Mesmo que a intenção da trama talvez tenha sido não construir cenas entre mãe e filha tão marcantes quanto na série “Gilmore Girls”, as roteiristas Tamara Chestna e Dylan Meyer poderiam ter feito um trabalho melhor para explorar o lado cômico de Poehler.
A cineasta Amy Poehler conseguiu dirigir um filme mesmo não sendo uma grande produção, e mesmo tendo seus pequenos problemas de ritmo, roteiro, consegue a proeza de mesmo com vários clichês na trama, consegue surpreender com caminhos pouco convencionais. A produção é um produto de seu tempo em que cita problemas atuais que são vividos por mulheres de todas as idades, não só as adolescentes, e ao mesmo tempo não é somente uma obra panfletária que também pode agradar não somente ao seu público alvo.