O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está sendo pressionado no meio político e anda preocupado com sua queda de popularidade em meio à pandemia do coronavírus.

O presidente deu mostras de que iria mudar sua conduta em relação à Covid-19. Contudo, as idas e vindas no humor de Bolsonaro, em que ora ele adota uma atitude beligerante e ora tenta se mostrar mais comedido, tornaram-se a marca registrada do mandatário. Esta foi a conclusão de aliados do mandatário, que relataram insatisfação ao portal UOL.

Fontes

Mesmo entendendo que estabilidade não faz parte da personalidade de Jair Bolsonaro, seus aliados afirmaram que essa situação provoca prejuízos para o próprio Governo federal.

"Ele joga contra ele mesmo", disse um parlamentar da base do governo que conversou com o UOL sob a condição de que não teria seu nome revelado.

Segundo um consultor que atua junto à Câmara dos Deputados, Bolsonaro não tem a habilidade de manter uma postura mais tranquila. Essa outra fonte afirmou ainda que existe o fato de que uma narrativa mais agressiva é que ajudaria Bolsonaro a manter o apoio de seu eleitorado mais engajado para tentar uma reeleição em 2022.

Na onda da insistência de Boslonaro em manter narrativas que ou não deram certo ou encontram forte oposição, ao mesmo tempo em que aumenta o número de mortes e o acirramento da pandemia, houve um imenso desgaste na relação do líder do Executivo com membros de sua base.

A irritação com Jair Bolsonaro já foi demonstrada por mais de uma vez pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ambos receberam o apoio de Bolsonaro na eleição que os levaram a presidirem as Casas Legislativas.

Como relembrou um dos interlocutores ouvidos pelo site, essa irritação pode ser vista na ameaça velada de Arthur Lira no dia 24 de março.

Na época, o parlamentar disse que uma crise ainda mais grave no Brasil poderia provocar a utilização de "remédios políticos amargos", alguns deles "fatais".

Centrão

Em Brasília, a fala de Lira, que além de presidir a Câmara é um dos líderes do centrão, o bloco de legendas partidárias que apoiam o presidente da República, foi entendida como um recado para Bolsonaro, que Lira poderia abrir um processo de impeachment contra o presidente.

Um dia após da declaração de Lira, Rodrigo Pacheco declarou que a fala do presidente da Câmara era uma “demonstração de insatisfação”.

Outro deputado do centrão declarou que não adianta Bolsonaro trocar de ministro da Saúde se não houver melhoria na gestão do governo de uma maneira geral para combater a Covid-19. A melhoria na atuação do presidente, segundo o parlamentar, teria que passar por um entendimento de Bolsonaro com prefeitos e governadores, as autoridades que o presidente da República tem criticado constantemente por eles tomarem medidas restritivas para tentar diminuir o avanço da Covid-19.

Existem ainda os parlamentares que se ressentem com o presidente por ele não lhes dar os louros no enfrentamento da crise sanitária. Muitas legendas começam a avaliar se vale a pena ficar marcada como apoiadora do governo Bolsonaro, revelou o deputado ao UOL.