O Governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estão participando de uma negociação bilionária, que prevê que o país da América do Norte invista uma alta quantia na Amazônia. As negociações estão ocorrendo a portas fechadas, e o resultado dessa negociação poderá ser anunciado na Cúpula de Líderes sobre o Clima, que deverá ocorrer nos dias 22 e 23 de abril. O evento é promovido pelos Estados Unidos. As informações são do jornal El País Brasil.

Inaceitável

Segundo o El País, vários setores da sociedade brasileira não estão vendo com bons olhos uma negociação que possa dar legitimidade ao presidente Bolsonaro, justamente no momento em que ele está sendo visto pelo mundo democrático como uma “ameaça global” e enfrenta queda em sua popularidade devido à sua gestão errática –para dizer o mínimo– na pandemia da Covid-19.

A negociação também poderá desgastar o democrata Joe Biden, que em seu discurso de posse anunciou que teria no combate à emergência climática uma das marcas de seu governo. Já na campanha eleitoral, Biden havia anunciado sua intenção de investir US$ 20 bilhões para proteger a Amazônia. Não existe maneira de controlar o superaquecimento global –tema caro à ala progressista dentro do Partido Democrata– sem a mais extensa floresta tropical do planeta.

Ricardo Salles

O ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro foi o primeiro a anunciar a inusitada transação entre os líderes do poder Executivo do Brasil e dos Estados Unidos. Assim como Bolsonaro, Salles é duramente criticado por sua atuação na questão ambiental.

O escolhido por Bolsonaro para o Ministério do Meio Ambiente declarou sem o menor constrangimento que assumiu o ministério sem nunca ter conhecido a Amazônia e não sabia quem era Chico Mendes. O ministro de Bolsonaro tem no currículo uma condenação por fraude em documentos e mapas para beneficiar mineradoras na época em que exercia o cargo de secretário do Meio Ambiente no estado de São Paulo.

Boiada

Salles ganhou destaque no momento em que o Brasil foi atingido pela pandemia da Covid-19. Em uma reunião ministerial do governo, ele afirmou que a hora era ideal para “passar a boiada”, ou seja, aproveitar o momento em que a imprensa estava focada em cobrir a pandemia e afrouxar mais ainda a legislação ambiental sem que a sociedade ficasse sabendo.

Apressado come cru

Salles ganhou apelidos como antiministro do Meio Ambiente e ministro contra o Meio Ambiente. Ele estava tão ansioso para divulgar as informações sobre a negociação bilionária com os EUA que concedeu uma entrevista à jornalista Giovana Girardi, do jornal O Estado de S. Paulo. A animação de Salles desagradou aos negociadores estadunidenses, que ficaram expostos, e também provocou uma forte reação negativa em setores da sociedade no Brasil.