A famosa frase de autoria de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda da Alemanha no período que o país foi comandado por Adolf Hitler, que dizia que uma mentira, se repetida mil vezes, acabaria por se tornar uma verdade, parece ser o que acredita o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pois o mandatário voltou a repetir sua batida narrativa de que houve fraude na eleição de 2018.

Nunca antes na história desse país um presidente da República colocou em xeque a idoneidade do pleito eleitoral em que o próprio reclamante venceu, o que diz muito sobre quem faz a queixa.

Na teoria conspiratória de Jair Bolsonaro, ele teria “provas materiais” de que ganhou a eleição presidencial de 2018 no primeiro turno.

Ladainha

A entediante narrativa de Bolsonaro é repetida desde 2018, e mais uma vez o repetitivo líder do Executivo federal voltou a cansar os brasileiros com mais uma versão dessa velha história. Dessa vez, Jair Bolsonaro fez a declaração em um evento na igreja Church in Connection, em Anápolis, Goiás. O presidente alegou que foi vítima de fraude eleitoral, que teria ganhado no primeiro turno, mas foi jogado para o segundo turno onde bateu o seu oponente, Fernando Haddad (PT). Segundo Bolsonaro, ele só venceu a eleição porque havia algumas pessoas ao seu lado que sabiam como evitar a fraude eleitoral e que só superou seu rival porque teve muitos votos.

É nauseante que no momento em que o país esteja atravessando uma pandemia que já tirou a vida de quase 480 mil pessoas, a maior autoridade do poder Executivo esteja perdendo tempo fazendo discursos em que espalha fake news ao invés de estar trabalhando para tentar deter o avanço da Covid-19.

Falou a verdade

Além de seu mantra, deve-se reconhecer um momento em que o ocupante do Palácio da Alvorada comentou algo que parece ser verdadeiro.

Jair Bolsonaro declarou no evento que quando chegou à presidência da República não sabia o que fazer --pelo que se tem visto em seus dois anos e meio no comando da nação, pode-se entender que ele ainda não sabe.

Bolsonaro afirmou que apesar de ter passado 28 anos como deputado, 2 anos como vereador e 15 anos no Exército, não é simples assumir um sistema com tantos problemas.

O presidente só não mencionou o quão medíocre foi sua passagem nas instituições em que esteve antes de se tornar presidente da República.

A desgastada fala de Bolsonaro de que houve fraude na eleição em que saiu vencedor costuma retornar em momentos de crise em seu Governo, não é a toa que o presidente voltou com esse lenga-lenga em uma igreja evangélica. O casamento (como Bolsonaro gosta de dizer) entre o amigo de Fabrício Queiroz e o bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus, parece não estar muito bem, o presidente então acenou para o bispo com a possibilidade de dar uma embaixada na África do Sul para o ex-prefeito do Rio de Janeiro e sobrinho de Edir Macedo, Marcelo Crivella.

Então, a lamentável fala de Bolsonaro sobre a fraude na eleição de 2018 parece ser um gesto de carinho para sua base evangélica.

A fake news de Bolsonaro certamente consegue chegar aos ouvidos de seus apoiadores mais fanatizados. Um pouco da culpa disso é que o presidente não tem sua fala contestada pelo poder Legislativo, Judiciário e outros setores relevantes da sociedade, que quando muito, soltam notas de repúdio, mas não exigem que o presidente apresente as provas que diz ter.