As pesquisas de Opinião têm como um de seus objetivos traçar a tendência do voto e desvendar a intenção do entrevistado ou do apto a votar em ano de eleição.

De forma esmagadora, o cenário desenhado se desenvolve no eixo de duas figuras bem conhecidas da política nacional: o atual presidente Jair Bolsonaro, o qual tenta a reeleição, e Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente que ocupou a cadeira máxima por duas vezes.

Em menor número –pelo menos, quando se veem os percentuais– aparecem os outros candidatos. Entre eles, situa-se o braço político que comumente se chamou de “terceira via”.

Apontados como opções à insatisfação e à perda de perspectiva em relação à tendência mostrada pelas pesquisas, João Doria Júnior e Sérgio Moro saíram sem deslanchar ou mesmo ameaçar os dois mais cotados para 2022.

Muitos eleitores querem mudança nos rumos do Brasil; entretanto, a disputa por um nome único, a briga para alcançar esse único lugar e muita costura e pouco resultado, têm decepcionado os que podem exercer o direito do voto.

À deriva

Se compararmos a uma rota de navegação, a terceira via já se deslocou para o Sudeste; em seguida, foi para o Nordeste e, incrivelmente, foi enfrentar mares mais gelados no Sul do Brasil.

Como se está a poucos meses da realização das eleições para os cargos legislativos e executivo, a “batata quente” parou nas mãos do MDB do Rio Grande do Sul.

É para lá que as atenções da senadora Simone Tebet se voltam.

Os caciques gaúchos decidirão se Simone Tebet irá prosseguir sozinha nessa jornada marítima ou contará com o apoio de mais navios.

Três partidos (MDB, PSDB e Cidadania) estão com o condão de fazer um acordo e, como tudo em política, está havendo muita conversa. Os principais artífices desse acordo são o pré-candidato ao governo gaúcho, Fábio Branco, o ex-governador Eduardo Leite, a senadora Ana Amélia e o deputado estadual Gabriel Souza.

O MDB do Rio Grande do Sul bate o pé numa candidatura própria para o governo estadual. A outra dependência está na confirmação de que Eduardo Leite dispute a reeleição em seu estado natal. Se tudo isso for resolvido, o caminho para Simone Tebet deslanchar nacionalmente fica mais fácil. Esse, pelo menos, é a opinião de quem respira, entende, analisa ou trabalha no meio político.

Dois pra lá, dois pra cá

Historicamente, o MDB lança candidatos a governador no Rio Grande do Sul; ultimamente, os tucanos cobram o apoio do MDB em torno de Eduardo Leite.

Coordenador do plano de governo de Simone Tebet, o ex-governador Germano Rigotto não esconde sua preferência para que Leite mire suas ambições para o Palácio Piratini. Em sua opinião, caso Leite faça esta decisão, a disputa adquirirá outro patamar.

No entanto, outra ala do MDB, a conservadora, insiste na candidatura própria. Aliás, esse braço do MDB possui força no interior gaúcho. Seria um ponto com nó?

Sobre a presença de Ana Amélia nesse cenário complexo, Germano Rigotto acha que o partido dela (PSD) deve optar por andar junto com o MDB.

Depois da desistência de João Doria da corrida presidencial, uma ala tucana defende a candidatura própria. E o nome de Eduardo Leite é o mais cotado. Porém, depende-se de uma decisão de Leite: Brasília ou Porto Alegre?

Sua inclinação é mais para a capital do estado; se isso for confirmado, o nome mais cotado para compor a chapa com Simone Tebet é o do senador cearense Tasso Jereissati.

Pessimismo

Ao participar de um debate em 3/6, o ex-presidente Michel Temer –medalhão conhecidíssimo do MDB– foi perguntado sobre as possibilidades de êxito da terceira via em 2022.

Em vez de responder objetivamente, Temer lembrou que o Brasil atravessa uma “polarização radical” e depois emendou com estas palavras: “Não se conseguiu definir, pelo menos em definitivo, a história da terceira via.

Até as eleições pode surgir a ideia de um intermediário, de alguém que não fique em nenhum dos polos e possa oferecer uma opção ao eleitorado. Para ser muito pragmático, confesso que não é fácil, porque a polarização está muito acentuada.”

De concreto

Mesmo com a saída de Doria, os principais nomes rotulados como de terceira via não abocanham percentuais expressivos do eleitorado.

Na pesquisa Ipespe divulgada em 3/6, o discurso de que “quanto menos nomes, melhor” para alavancar a terceira via, perdeu credibilidade. O páreo ainda é disputado por Lula e Bolsonaro. Ciro Gomes permanece bem atrás em terceiro lugar. Simone Tebet mantém os 3% de preferência dos eleitores, demonstrando que a retirada de João Dória não a beneficiou em nada.