Uma das maiores redes sociais do mundo, o Facebook, divulgou ontem (18) que entrará no mercado das criptomoedas com a criação de uma unidade monetária denominada Libra. A empresa de Mark Zuckerberg não está sozinha nessa ousadia e recebeu apoio de importantes empresas da atualidade, como a Visa, a Uber, o Spotify, o PayPal e a Mastercard. Ao todo, são 29 parceiros que se associaram a este projeto: desde provedores de serviços de Tecnologia e empresas de telecomunicações até companhias que atuam em capital de risco.

O Facebook almeja alcançar todos os que tiverem, pelo menos, um smartphone e uma conexão com Internet.

Mais do que isso, quer efetuar um relacionamento entre empresas e pessoas de qualquer parte do mundo, estimulando as transações financeiras e dando maior fluidez na compra e venda de produtos e serviços.

Inclusão digital e econômica

Essa iniciativa do Facebook pode representar para muitos uma grande esperança quando se pensa em relações de consumo. Cerca 1,17 bilhão de pessoas não possui conta corrente. De acordo com cálculos, isso significa que 31% da população mundial não usa ou não integra serviços bancários. Por isso, a rede social projeta para 2020 a implantação e o início da utilização de sua criptomoeda, a Libra. Os primeiros testes com a moeda virtual estão previstos para este ano.

Um dos estímulos percebidos pelos profissionais de Zuckerberg está na adoção de altas taxas de juros embutidos nas operações financeiras e empréstimos concedidos pelos bancos tradicionais.

A intenção é oferecer uma nova opção ao cliente, disponibilizando mais facilmente e com menos onerações o dinheiro de que necessita.

Modus operandi

A Libra do Facebook utilizará a mesma plataforma tecnológica de outras moedas virtuais, ou seja, o Blockchain. Esse sistema, inclusive, é o que dá suporte às transações realizadas em "bitcoi".

Requisito obrigatório na idoneidade de qualquer padrão monetário, a Libra possuirá lastro baseado em fundos compostos por ativos estáveis e sólidos, procurando imitar a solidez do dólar americano. Mas o comunicado de hoje não fornece mais detalhes sobre em quais moedas este lastro será formado.

Outra medida divulgada pelo Facebook é a criação do “Calibra”, o qual consiste numa carteira que viabiliza, por exemplo, a compra, o consumo e até a possibilidade de se investir em poupança, usando-se a Libra.

No futuro, o Facebook alimenta a expectativa de oferecer outros serviços como pagamentos de contas em Libras.

Desafios

Segundo especialistas em economia ouvidos pela Agência Brasil, a alternativa anunciada pelo Facebook constitui um passo largo à frente, porque se trata de uma solução melhor embasada; no caso, a criação da Libra. Até o momento, o ambiente virtual só disponibiliza meios de pagamento sem o emprego de padrão monetário virtual. Ademais, a iniciativa dos executivos da rede social mira a solução ou a atenuação de um dos grandes problemas que cercam as criptomoedas: a falta de confiabilidade dos consumidores e das instituições financeiras.

O que talvez não tenha sido observado com certo cuidado é que a libra pode sim sofrer um colapso em sua aceitação.

Será preciso muita negociação e diálogo com países e seus respectivos órgãos máximos do sistema financeiro tradicional na questão da regulação e do funcionamento no mercado. Mesmo com tanta modernidade, caberá a cada Estado democrático definir o alcance da Libra, sua penetração em massa e que normas irão ditar todo esse fluxo dentro do território nacional. Traduzindo: a Libra deverá passar por um estágio de adaptação às leis de cada sistema financeiro.

Por outro lado, a moeda do Facebook terá que passar pelo crivo do gosto popular: não é suficiente atender à legislação de um país, se o povo deste mesmo país não o aprecia e nem o usa. Assim como a rede social, é necessário preencher duas exigências que qualquer usuário/cliente deseja em suas operações: a privacidade e a segurança.

Aqui no Brasil, o Banco Central foi procurado pela Agência Brasil para emitir uma avaliação dos possíveis impactos da novidade tecnológica no mercado de capitais. A assessoria do Bacen se limitou a dizer que não iria comentar o assunto.