O ator e diretor Wagner Moura diz que o filme "Marighella", exibido pela primeira vez nesta sexta-feira (15), no festival de Berlim, é uma resposta artística ao atual cenário político brasileiro. Os produtores do filme, que retrata a vida do guerrilheiro Carlos Marighella, afirmaram que a ideia é combater a versão do filme pró-ditadura propagado pelo presidente Jair Bolsonaro e que deve ser lançado ainda este ano.

O filme conta a trajetória de Carlos Marighella, interpretado por Seu Jorge, nos anos de ditadura militar. Marighella organizou um grupo de resistência e buscou estimular o movimento, levando informações à população sobre os atos de tortura e homicídios praticados pelo governo que usava o controle da imprensa para esconder seus crimes.

Wagner Moura afirmou que o filme tem uma missão semelhante, vez que, pretende sepultar uma narrativa que retrata os apoiadores do período ditatorial como mitos e apaga a história de luta daqueles que resistiram à violência do governo militar.

O filme se passa na cidade de São Paulo, onde o personagem principal fez carreira e ficou conhecido como um dos principais inimigos do regime militar na década de 60.

A produção do filme Marighella

O filme ficou pronto antes das eleições de 2018, que marcaram um novo cenário político no Brasil. A produção, orçada em 10 milhões de reais, retrata os cinco últimos anos do político, poeta, professor e guerrilheiro Carlos Marighella, morto em uma emboscada orquestrada pelo delegado Fleury.

O filme tem início no conturbado cenário político implantando pela ditadura militar, o baiano Marighella, que já vivia na clandestinidade, organizou seu grupo para a contra-ofensiva ao golpe militar.

A trama foi fiel à biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães. Episódios marcantes da vida do combatente foram retratados com muito realismo, como o atentado que sofreu dentro do Cinema ao ser atingido por um tiro, mas conseguiu fugir ou ainda quando invadiu e tomou uma rádio e leu ao vivo um pronunciamento da Ação Libertadora Nacional (ALN).

A explosão do consulado americano em São Paulo, fato que teve grande repercussão na época, também foi retratada no filme.

O diretor Wagner Moura procurou seguir com detalhes a biografia, escrita por Magalhães, até a noite do atentado fatal. Nas investigações feitas pelo jornalista em sua obra ficou provado que Marighella não estava armado, desmentindo a versão dada pelos policiais.

À época, os policiais forjaram a cena, colocando uma arma na mão do guerrilheiro.

A produtora do filme, Andrea Barata, declarou que ainda é cedo para afirmar quando ou se filme será lançado no cinema brasileiro, para ela, além da resistência política, a produção deve encontrar obstáculos financeiros para a exibição no país, no entanto, ela não descarta um lançamento independente por meio de crowfunding.