Quando o cantor sertanejo Zé Neto resolveu criticar a tatuagem que a cantora Anitta fez em uma parte íntima, o artista não teve a dimensão do quão catastrófico seria para ele próprio ter se importado com aquilo que não é da sua conta.
O cantor de 32 anos fez o comentário desnecessário, deselegante e que teve um resultado explosivo no mês de maio e desde então, ele tem visto uma reviravolta em sua vida. Ele sofreu fraturas nas costelas, tem recebido críticas nas redes sociais, ainda está vivendo a tensão de que haja uma CPI dos sertanejos.
Lei Rouanet
Foi durante um show na cidade de Sorriso, Mato Grosso do Sul, que o cantor viu ser verdadeiro o ditado popular que diz que o peixe morre pela boca. Em sua apresentação, Zé Neto além de tentar mitar em cima da cantora Anitta, também aproveitou a ocasião para fazer críticas à Lei Rouanet.
Segundo o sertanejo, ele faz parte de um grupo que não depende da Lei Rouanet, o cachê dele é pago pelo povo e então ele fez a declaração sobre Anitta. Além de ter mostrado desconhecimento de como funciona a Lei Rouanet, Zé Neto parece também que esqueceu que parcela dos shows de sua dupla é contratada com verba pública de prefeituras.
Denúncia
Depois das falas descabidas do artista, o jornalista Demétrio Vecchioli denunciou o valor que a dupla Zé Neto e Cristiano recebeu de prefeituras, dinheiro, aliás, que foi pago sem licitação.
O jornalista escreveu no Twitter que a dupla sertaneja ataca quem capta recursos da Lei Rouanet, uma lei federal, mas que “eles vivem de receber muito dinheiro de prefeituras pequenas, sempre sem licitação".
Vecchioli informou que a quantia que a dupla de Zé Neto recebeu de prefeituras de cidades pequenas como Colina e Itabaiana, ambas em São Paulo e Sorriso (MT), passa dos R$ 3 milhões.
A revelação do profissional da imprensa fez com que fossem feitas novas denúncias contra outros artistas, principalmente do mundo sertanejo.
Anitta, de novo
Zé Neto parece ter uma fixação em Anitta, no dia 20 de maio, novamente ele voltou a citar o nome da colega de profissão, ele interrompeu o público que xingava a artista durante um show em Dourados (MS).
Ele declarou que aquilo não era necessário e convidou o público para que rezasse “por essas pessoas e que Deus abra a mente delas e que elas entendam”, mas a fala do artista que parecia ter um tom compreensivo logo se transformou em novo ataque contra a cantora carioca.
Morde e assopra
No dia seguinte, Zé Neto foi às redes sociais para publicar um vídeo em que tentava se redimir da situação, ele declarou que descarta todo tipo de ódio e que está vendo que várias pessoas se revoltaram, ele também declarou que não aprova nenhum tipo de cancelamento e ódio, disse o artista em um trecho publicado nos stories.
Alvo errado
Ao mirar em Anitta, Zé Neto acabou acertando o também cantor sertanejo Gusttavo Lima, que foi quem mais sofreu com as investigações sobre pagamento de cachês com dinheiro público.
Gustavo fez uma live pelo Instagram no dia 30 de maio, em que chorou e defendeu-se das acusações de que haveria irregularidades, o sertanejo também declarou que estava quase abandonando a carreira por causa da situação.
Zé Neto, que estava assistindo a live comentou que na verdade seria ele, Zé Neto, quem deveria dar satisfação, ele aconselhou Gusttavo Lima a não se explicar sobre nada, que a situação não tem nada a ver com Gustavo. Porém a verdade é que Gusttavo Lima foi um dos artistas beneficiados pelo deputado federal André Janones (Avante-MG), o parlamentar destinou recursos no valor de R$ 1,9 milhão, a verba veio de uma emenda parlamentar para a promoção de uma festa. O artista também teve divulgado o contrato de R$ 1,2 milhão realizado pela prefeitura de Conceição do Mato Dentro, cidade de Minas Gerais que tem apenas 17 mil habitantes.
CPI do sertanejo
Com as várias revelações de uso de dinheiro público sem licitação para bancar shows de artistas pelo Brasil, o Ministério Público (MP) passou investigar eventos em pelo menos 29 cidades. No dia 8 de junho, a Comissão de Cultura da Câmara aprovou proposta de realização de uma audiência pública para debater sobre financiamento público de atividades artísticas no país. A audiência deverá acontecer no mês de julho.
