Berço inspirador da Teoria da Evolução das Espécies, formulada pelo cientista inglês Charles Darwin no século XIX, as Ilhas Galápagos voltam a ser foco de atenção com uma surpresa muito boa para a fauna mundial.

Nesta semana, a Diretoria do Parque Nacional de Galápagos, no Equador, divulgou o registro de uma espécie de tartaruga considerada extinta há mais de um século.

O animal foi encontrado em 2019 na Ilha Fernandina e é uma fêmea; logo após se deparar com o “achado científico”, os pesquisadores transportaram a tartaruga para o Centro de Criação de tartarugas gigantes do Parque Nacional.

Até este momento, ninguém tinha noção do que essa espécie significava, tanto do ponto de vista biológico quanto do privilégio de representar uma espécie ressurgida inesperadamente. Ou melhor, ninguém sabia realmente a que espécie essa tartaruga pertencia.

Para ter certeza

O lapso de tempo entre a descoberta e o anúncio da espécie antes extinta tem uma explicação: a ilustre réptil foi submetida a exames genéticos pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Lá, os cientistas concluíram que o animal é da espécie Chelonoidis phantasticus.

Foi dentro da Universidade que ocorreu a comparação do DNA da tartaruga com o material extraído de outro espécime localizado em 1906, ano da realização de uma expedição da Academia de Ciências da Califórnia às ilhas equatorianas.

Só após os procedimentos é que se pôde espalhar essa boa nova em 2021 com total segurança.

Animados com a possibilidade de multiplicar a espécie, o Parque Nacional de Galápagos planeja fazer uma expedição na Ilha Fernandina, com o propósito de localizar mais tartarugas iguais ao exemplar encontrado.

Essa nova incursão está prevista para o segundo semestre deste ano; outro fato que entusiasma os estudiosos e técnicos é a detecção de excrementos de tartaruga em Fernandina.

Isso faz crer na existência de mais exemplares da mesma Chelonoidis phantasticus e alimenta a esperança pela recuperação e salvamento da espécie.

Batizada e revigorada

A tartaruga recebeu o nome de “Fernanda” e, de acordo com o diretor da Galápagos Conservancy, Washington Tapia, estima-se sua idade entre 60 e 100 anos. Sua carapaça mede em torno de 54 centímetros, bem aquém daquelas famosas tartarugas gigantes das ilhas, cuja carapaça pode chegar a 1,5 m de comprimento.

Em relação à sua saúde, Fernanda está bem, pois quando foi encontrada em seu habitat, seu peso estava um pouco abaixo. Agora, por estar em cativeiro, apresenta mais volume corporal.

Além de ser a única de sua espécie (até o presente momento), as Ilhas Galápagos abrigam outros exemplares da flora e fauna ameaçados de extinção. Com relação à população de tartarugas gigantes, o número total é calculado em 60 mil indivíduos.

Finais diferentes?

Talvez a dimensão da importância da existência de Fernanda obtenha uma consistência sólida quando se confronta com outro caso de sumiço de tartaruga da face da Terra. Em 2012, um dos mais famosos habitantes da Ilha Pinta (também pertencente ao Arquipélago de Galápagos), a tartaruga gigante “Lonesome George” (ou o “Solitário George” em tradução livre) morreu sem deixar descendentes.

Ele era o último de sua espécie.

Tomara que tanto a comunidade científica quanto o ser humano em geral valorizem e incentivem o ressurgimento de filhos e companhias para Fernanda. E não só nós como os que vierem depois de nós possamos apreciar a genealogia que pode brotar a partir de Fernanda com seu par.