A Meta, empresa responsável pelo Facebook, divulgou nesta quinta-feira (7) um documento em que relata ter derrubado perfis falsos e páginas responsáveis por coordenar desinformação a respeito da Amazônia. De acordo com o relatório, entre os indivíduos por trás das contas estariam dois oficiais do Exército brasileiro.

O documento, produzido pela agência de monitoramento Graphika, que havia sido contratada pela Meta para investigar ameaças e violações políticas na plataforma, aponta casos também em El Salvador, Azerbaijão, Filipinas, Costa Rica, Irã, Ucrânia e Rússia.

No Brasil, destacaram-se as atividades coordenadas por dois indivíduos que serviam "ativamente no exército em dezembro de 2021", segundo o relatório. O texto ressalva que, apesar da ligação com o órgão, isso não significa que as Forças Armadas sejam responsáveis por controlar os grupos de desinformação, nem que tenha tomado conhecimento das atividades.

Em 2020, as postagens das páginas envolviam temas políticos e sociais como reforma agrária e a pandemia de Covid-19, incluindo algumas críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Devido ao baixo engajamento, as páginas foram abandonas após alguns meses.

Já em 2021, foram criadas páginas que se passavam por ativistas e ONGs ambientalistas na Amazônia.

Publicando estatísticas e informações falsas sobre o desmatamento –chegando a afirmar que nem todo desmatamento é ruim–, enaltecendo a atuação do Governo federal, bem como de militares, e criticando ONGs legítimas, o conteúdo era misturado com memes, compartilhamento de notícias e até de publicações feitas pelo Greenpeace, a fim de tornar as páginas mais credíveis.

As contas também demonstravam apoio aos atos de 7 de setembro de 2021 e ao Projeto de Lei que propunha mudanças na demarcação de terras indígenas.

Contas foram impulsionadas

Ainda de acordo com o relatório, foram identificadas 14 contas e 9 páginas no Facebook, além de 39 contas no Instagram, as quais foram suspensas. Ao todo, as páginas tinham em torno de 1.170 seguidores no Facebook e 23.600 no Instagram.

Na tentativa de aumentar o engajamento, algumas postagens foram impulsionadas em ambas as redes sociais, somando um valor de US$ 34.

Algumas contas foram detectadas e removidas pelo sistema automático do Facebook, mas as investigações se iniciaram por suspeita de "comportamento inautêntico coordenado".

Em resposta ao relatório, o Exército brasileiro informou que apenas tomou conhecimento das atividades através das notícias divulgadas pela imprensa e que "não fomenta a desinformação" nas redes sociais. Acrescentou que já entrou em contato com a Meta para possibilitar o acesso aos dados necessários, dentro dos parâmetros legais, para auxiliar na investigação.