O mar não está para peixe. O dito popular parece que se encaixa com o verão escaldante que impera na metade norte da Terra. Não por escassez ou por condição adversa. Mas, se a marcha da elevação da temperatura continuar nessa área do globo, é bem provável que rios e lagos sequem, provocando uma grande mortandade de peixes.

Veículos de comunicação alertaram que o mês de julho de 2023 foi o mais quente de todos os tempos. A temperatura média verificada foi de 17,23 °C, acendendo a luz vermelha em torno do problema do clima. E deixando a comunidade científica de olhos arregalados.

A causa do espanto é que a vinda das altas temperaturas ocorreu mais rápido do que se supunha. Em consequência, o público e espectadores assistem a imagens desconcertantes como incêndios na Grécia e recordes de registros de calorão nos Estados Unidos e China.

Velho conhecido

Quando o verão chega, sabe-se muito bem que a Grécia é um dos países que mais sofrem com o desconforto climático. Este ano não foi exceção.

Dependente do turismo, as autoridades gregas decidiram bloquear o acesso a monumentos históricos durante determinado período do dia. Nem a Acrópole escapou dessa medida que visa à preservação dos visitantes e curiosos.

O calor tem imprimido sua ação devastadora com a queima de florestas e atingindo regiões urbanas da Catalunha, na Espanha.

Roma, capital da Itália, também sofre com a onda superquente.

Num gesto de deter a destruição, a União Europeia aprovou o envio de aviões para combater os incêndios na Grécia, já que moradores perderam suas casas e têm que vê-las sendo consumidas pelo fogo.

Meteorologistas preveem que os termômetros passem dos 44 °C na Grécia nas próximas semanas.

Isso parece refresco em comparação com o Vale da Morte, nos Estados Unidos.

Assombrador

Localizado no sul da Califórnia, o local é conhecido por ser um dos mais abrasadores do mundo. Recentemente, a temperatura chegou aos 53°C, mas não superou o recorde registrado em 1913, quando a região conseguiu alcançar 56°C.

Não é só lá que acontece o problema: o Sul e o Sudoeste dos Estados Unidos também estão em alerta máximo.

Na cidade texana de El Paso, foram 32 dias consecutivos com o registro de 38°C.

Os serviços meteorológicos alertam que o calorão chegue a 41°C em algumas partes do território americano. Estima-se que 80 milhões de pessoas sejam afetadas. Problema presente e real em Phoenix, estado do Arizona: lá são 22 dias seguidos com registros acima dos 43°C.

Existe outra preocupação em relação a essa onda de calor: teme-se que esse fenômeno alcance o Centro-Oeste dos Estados Unidos.

Do outro lado, na China, coube a Xinjiang beirar os 52°C; a previsão meteorológica é de mais calor para os próximos dias.

A pesquisadora inglesa Hannah Cloke estuda o assunto das mudanças climáticas e revela que o cenário é “muito assustador”, já que as consequências do calor extremo podem ser fatais.

Ela lembrou a morte de 61 mil pessoas na Europa, ocorrida durante o verão do ano passado.

Hannah não é a única e faz coro a seus colegas de que as mudanças climáticas deram impulso a esse cenário caótico; para ela, o aparecimento dos efeitos do El Niño só pioram as coisas.

Gavin Schimidt é chefe de climatologia da Nasa e “põe o dedo na ferida”: as temperaturas vão permanecer lá nas nuvens porque “continuamos a emitir gases de efeito estufa para a atmosfera”.

Uma soneca não faz mal

Criticada e massacrada por seus companheiros europeus quando se aborda o assunto da sesta, a Espanha começa a ser vista de outra maneira.

Numa grave crise econômica ocorrida na década passada, não foram poucos que se levantaram e apontaram que o problema espanhol era devido à adoção da sesta.

Ou seja, mais sono, menos produtividade.

O castigo implacável do calor faz com que a posição de seus vizinhos comece a mudar e ver certas vantagens no hábito. Bem mais rica do que a Espanha, a Alemanha manifestou sua simpatia em relação à sesta.

Membros do governo alemão e especialistas de relações de trabalho vêm enxergando como uma boa alternativa. “Tirar uma sesta no calor não é má sugestão”, afirmou o ministro da Saúde, Karl Lauterbach.

O motivo real está na baixa produtividade, quando se enfrentam temperaturas escaldantes. Países do centro e do norte da Europa sentem o que a Espanha vem sentindo há décadas. Algumas entidades de defesa do trabalhador têm colocado o tema da sesta em pauta, copiando a maneira espanhola de desfrutar e produzir sem grandes traumas.

Ao menos, há um reforço de peso que avaliza a sesta: o MIT, Instituo de Tecnologia de Massachusetts, concluiu em um estudo que uma soneca só traz benefícios. Tanto para a saúde quanto para a produtividade.

Enquanto muitos seres humanos se preocupam com o calor avassalador, mais acima existe um habitante silencioso que está de “orelhas em pé”. Se o degelo atingir o Ártico, o urso polar vai ser extinto? Pois, popularmente, sabe-se que não há pinguins no hemisfério norte, bem como não há ursos polares nos mares glaciais do Sul.