Em Dezembro de 2018 foi anunciado o aval do Governo Michel Temer acerca de sua permissão para a fusão das empresas aeronáuticas Boeing e Embraer. Mas, segundo o jornal O Globo, caberá ao governo Bolsonaro a decisão final sobre o mérito da fusão entre as duas empresas. O cenário decisório será fundamentado pelo pronunciamento, até dia 17 de janeiro, do Ministério da Fazenda acerca do aspecto jurídico do negócio, enquanto que o parecer jurídico será confiado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Cautela se faz necessária, a fim de se amenizar litígios e riscos dessa negociação para o Brasil.

Riscos envolvidos na fusão da estatal com a norte-americana Boeing

Segundo a Folha de S.Paulo, Bolsonaro levantou dúvidas sobre sua concordância com o processo de fusão das duas empresas. Conforme palavras do presidente, a última proposta de fusão poderia afetar interesses do governo brasileiro, no entanto, para essa afirmativa não foram tecidas explicações mais profundas de 'como' e 'quais' afinidades estariam sendo ameaçadas.

A União detém o "golden share", ação especial que permite-lhe poderes sobre decisões estratégicas relacionadas a Embraer. Segundo Bolsonaro, esse poder poderia se perder na forma de participações acionárias cada vez mais crescentes, tornando-se possível, que a Norte-americana Boeing já tenha pleno poder da estatal em até 5 anos, o que ameaçaria o patrimônio Brasileiro na figura da Embraer.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a situação preocupa o governo atual, pelo fato de que a Embraer detém tecnologias militares essenciais à postura de Segurança do País, colocando em situação preocupante a exposição de equipamentos e aviões de defesa, além de estruturas estratégicas do Comando da Aeronáutica na fabrificação de jatos cargueiros, caças com tecnologia sueca.

A fusão com uma empresa Norte-americana poderá dificultar o protecionismo das tecnologias e equipamentos militares brasileiros.

Pelo exposto no jornal O Globo, a Boeing seria indicada como controladora da nova empresa, detendo participação de 80% sobre as ações totais do empreendimento em operações comerciais. Para as áreas de defesa, será levantada uma nova companhia em que a Embraer teria participação de 51%.

Esse processo de fusão é denominado joint venture, em que um nova companhia é erguida utilizando-se de recursos das empresas fundidas, além de serem partilhados também os lucros, resultados financeiros, mas também seus custos.

Outras críticas são aquelas referentes ao fato de a Boeing possuir uma receita 20 vezes maior que a de sua futura associada. Tais variáveis numéricas são expressivas frente às incertezas dos impactos no mercado brasileiro que essa fusão trará, levando a prováveis reestruturações de carreiras dentro da própria Embraer e jogando com empregos e salários de vários especialistas brasileiros envolvidos no quadro organizacional da estatal.

No dia 30 de novembro, dias após sua eleição, Bolsonaro havia afirmado ser a favor da fusão entre as duas empresas e prosseguiu dizendo: "Sou favorável a ela (fusão). Entendo que a Embraer, se continuar solteira como está, a tendência é desaparecer".