Christian Fuchs é professor da Universidade de Westminster, localizada no Reino Unido, e conta em entrevista publicada no jornal O Globo do último domingo (10) que a lógica das redes sociais combina com atitudes autoritárias na política. Christian Fuchs é o autor de um livro que fala da relação entre redes sociais e políticos de extrema-direita. Em seu livro, há um estudo da relação do preisdente norte-americano Donald Trump com o Twitter.
Na entrevista, o pesquisador foi questionado sobre o polêmico vídeo postado por Jair Bolsonaro em sua conta oficial no Twitter.
Como resposta, ele afirmou que esta é uma tática cada vez mais comum nas redes sociais. Fuchs explica que populistas de direita usam a generalização de práticas individuais para difamar comunidades inteiras.
O autor conta ainda que esta tática não é novidade e cita como exemplo o movimento denominado "macharthismo" (movimento anticomunista liderado pelo senador americano Joseph McCarthy), este movimento tentou colocar o selo de "comunista" em Hollywood.
Christian Fuchs afirma que Donald Trump não foi o primeiro extremista a estabelecer uma comunicação com seus seguidores pelo Twitter. Ele cita Narendra Modo, primeiro-ministro indiano, e Recep Tayyip Erdogan, presidente turco, respectivamente os dois têm 46,2 milhões e 13,5 milhões de seguidores.
O presidente brasileiro tem 3,6 milhões. De acordo com Fuchs, o Twitter combina com lideranças autoritárias por favorecer o narcisismo e o individualismo.
Ele compara as redes sociais com grandes agências publicitárias que visam somente o lucro, sem dar importância ao conteúdo do que é publicado. O caráter individualista das redes sociais, assim como sua busca pelo lucro, coincidiram, em vários países, com a ascensão de regimes autoritários de extrema-direita pelo mundo.
A extrema-direita usa um discurso nacionalista que atinge pessoas de várias classes sociais, este discurso tem a intenção de transformar em bodes expiatórios adversários políticos e minorias.
Contradições sociais
Para o pesquisador, este método tem por objetivo distrair as pessoas, fazer com que elas não pensem sobre o que realmente faz com que elas fiquem separadas, a desigualdade de renda.