Várias testemunhas já foram ouvidas no caso do massacre de Suzano. Câmeras de segurança nas imediações da escola e na recepção do local também ajudaram a Polícia a entender a mecânica do crime que aconteceu na Escola Estadual Professor Raul Brasil. A tragédia que vitimou dez pessoas, incluindo um tio de Guilherme, o atirador mais novo, cinco alunos, duas funcionárias da escola e os próprios dois atiradores, ainda deixou vários feridos.

Entre as histórias que chegaram ao longo dos dias, a de uma professora, Jussara Melo, de 55 anos, ouvida pelo Estadão e que teve a entrevista replicada em vários outros sites, revelou os momentos de angústia e terror durante a chacina de Suzano.

A mulher estava em uma sala pequena, com cerca de 30 alunos, todos entre 13 e 14 anos, que tentavam não fazer barulho, mas que choravam copiosamente por conta do medo.

Na ação dos atiradores, segundo contam testemunhas, começou já na recepção da escola, onde duas funcionárias foram alvejadas e depois, vários alunos sofreram lesões provocadas por Luiz, que portava um machado. Os dois passaram pelo pátio fazendo vítimas e, segundo policiais que chegaram rapidamente ao local, seguiram até o fundo de um corredor, no Centro de Línguas da escola. Ao fundo também haviam duas salas. Acuados, Guilherme matou o comparsa e se matou, como último ato.

Professora relata momentos de terror na escola de Suzano

Jussara contou à repórter que ouviu um estampido seco e achou que se tratava de bombinha. Os barulhos foram se sucedendo e então, ela percebeu que se tratava de algo bem mais grave que apenas uma brincadeira de adolescentes. Ela conseguiu ouvir gritos de alunos desesperados e um deles chegou a se abrigar na sala da profissional da educação.

Deste momento em diante, a professora tratou de trancar a porta, mas não havia chave. Ela então montou uma barricada usando a mesa dos professores, apagou a luz e pediu silêncio no local.

Ela também contou que ficou orando, pois não daria tempo de buscar a chave. Os atiradores então se aproximaram e chegaram a forçar a porta.

De fora ela pode ouvir que eles diziam: "hoje é dia de vocês morrerem". Os alunos, lá dentro, acuados, falavam baixinho: 'eu não quero morrer hoje, Deus, me ajuda'.

Jussara disse então que segundos depois, os alunos desistiram de abrir a porta e ouviu mais disparos. Deste momento em diante, o silêncio dominou a cena. Ela imagina que, foram os últimos disparos que vitimaram os dois assassinos. Também relatou que, assim que saiu da sala, presenciou muito sangue no chão.