Na última quarta-feira (3), o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi à audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para responder aos questionamentos dos parlamentares sobre a reforma da Previdência.
O clima foi de guerra, com acusações sendo feitas pelos dois lados, e o ministro viu sua proposta de reforma da Previdência ser atacada duramente pelos deputados federais de esquerda, que fazem oposição ao Governo. O embate entre Guedes e os deputados oposicionistas teve momentos em que ambos os lados exageraram em suas declarações.
Porém, o duelo mais marcante deste evento foi o protagonizado por Guedes e o deputado petista Zeca Dirceu (PT-PR).
Dirceu usou os termos "tigrão" e "tchutchuca" para se referir ao ministro Paulo Geudes, este por sua vez, disse que "tchutchuca" era a mãe e a avó do parlamentar petista. Após as acusações de ambas as partes, houve uma confusão e não foi possível prosseguir com o debate sobre a reforma da Previdência.
'Tchutchuca' e 'tigrão'
Os termos usados pelo parlamentar são de uma música do início dos anos 2000, do grupo de funk Bonde do Tigrão. Em entrevista ao portal UOL, o deputado disse que não havia planejado usar estes termos contra o ministro, porém, diante da insatisfação com as respostas de Guedes, lembrou dos termos usados na música que ouvia quando tinha 18 anos.
Para o deputado de 40 anos, a reação do ministro teria evidenciado o despreparo do chamado "superministro" do governo Bolsonaro. O petista acredita que Guedes usou a expressão "tchutchuca" como desculpa para abandonar o debate sobre a reforma da Previdência.
Zeca Dirceu disse ainda não ver nada demais nos termos utilizados por ele e explicou que usou "tchutchuca" para dizer que o ministro era suave com os banqueiros e "tigrão" porque Guedes seria duro ao extremo com os mais pobres.
O deputado afirmou não se sentir arrependido por ter sido um dos protagonistas pelo término do debate sobre a reforma da Previdência (reforma esta que o parlamentar disse ser contra). Ele disse se sentir exitoso, pois a repercussão do bate-boca com Paulo Guedes teria atraído a atenção do povo para um tema importante. Zeca também atraiu a atenção para si com este episódio, o deputado é filho de José Dirceu e é parlamentar desde 2011.
Junto com seu pai, Zeca responde processo por supostos desvios de verbas de campanha.
Dois juristas ouvidos pelo UOL são unânimes em afirmar que não houve quebra do decoro parlamentar ao usar os termos polêmicos. Os advogados João Paulo Boaventura, sócio do escritório Boaventura Turbay Advogados, e Willer Tomaz, do escritório que leva seu nome, além de apresentarem provas na lei de que o parlamentar não pode ser acusado de quebrar o decoro parlamentar, também concordam que os termos usados por ele contra o ministro não contribuem em nada para o debate político.