As comunidades e entidades em prol dos autistas, e também o governo, estão em alerta, pois uma substância está sendo vendida para curar o autismo, que não tem cura até o momento. Essa substância, com o nome de MMS (a sigla está em inglês, mas, em português é “solução mineral milagrosa”), é um produto usado para a limpeza como alvejante.

O MMS foi criado nos Estados Unidos pelo americano Jim Humble, há uns vinte anos. Ainda, Humble é um ex-membro de uma seita chamada Cientologia. Desde então, tem sindo indicada e vendida de forma completamente enganosa, como uma cura para o autismo e à revelia dos especialistas da autoridade sanitária e médicos.

A comunidade internacional também está em alerta.

Esse produto é vendido em sites de vendas como Mercado Livre, indicado e vendido por vídeo nas redes sociais e também por grupos do aplicativo WhatsApp. Eles explicam que a substância, que contem dióxido de cloro, prometendo supostas curas do autismo, enganando pais desesperados por uma cura do seu filho. Na maioria dos casos, as mães são culpadas pelo transtorno como uma estratégia de venda do produto.

Para conter informações falsas e notícias que faltem com a verdade sobre o autismo e sobre a suposta cura através do MMS, mães de um grupo sobre filhos com autismo vem denunciando uma ação organizada as vendas não regulamentadas, livros que indiquem a substância e vídeos com informações enganosas e que contêm bastante falácias (retórica enganosa).

Essa organização desse grupo também orienta os pais que foram enganados ou que ainda poderão cair na enganação do MMS,

Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, a jornalista Andrea Werner, que tem um filho autista, disse ter começado uma campanha dentro das redes sociais, porque houve um aumento de pessoas que perguntavam para ela sobre a substância.

Ao pesquisar sobre o MMS, Andrea descobriu que havia vários anúncios dentro do site Mercado Livre, sem nenhuma fiscalização, e também, livros que são vendidos em grandes livrarias em todo território do Brasil, que indicam o MMS. Assim, segundo a jornalista, colocando várias crianças em risco de vida.

Andrea ainda faz outro alerta, alguns desses vendedores ainda indicam que a aplicação da substância alvejante seja por via retal, pois, o gosto e o cheiro é muito forte.

Porém, como um alvejante, o intestino começa a descamar e as mães são enganadas por esses mesmos vendedores, como vermes que causam o autismo. Segundo a jornalista, além de não ser verdade, ainda essas cenas são cenas de filme de terror.

Medidas cabíveis e os danos que podem causar

Rosa Magaly Morais, que é psiquiatra e médica no Programa do Transtorno do Espectro Autista que fica no Hospital das Clínicas, cuidado pela USP (Universidade de São Paulo), disse para o site do jornal Zero Hora que mesmo que os pais deem essa substância em doses menores pode fazer mal. Os sintomas são enjoos, vômitos e o que é mais grave, pode lesionar a parede de proteção do intestino delgado e também o grosso. Assim, causando diarreia, lesão retal, lesão das células do sangue que carregam o oxigênio, podendo causar insuficiência respiratória.

Revisões desse estudo também mostram, que existem outras complicações causadas na ingestão do alvejante, como uma forte desidratação e também um perigoso choque hemorrágico.

Essa situação fez a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fazer um ofício de alerta neste mês para todas as vigilâncias sanitárias estaduais para a proibição dessa substância. O órgão também organizou um tipo de força-tarefa para fazer a tentativa de retirar esse tipo de produto no mercado. A cerca de 200 anúncios do MMS foram já derrubados da internet. Porém, muitos desses anúncios, voltam com os nomes trocados. Isso vem levando a Anvisa, notificar as plataformas para não deixarem manter essas publicações.

Segundo Renata Zago, que é gerente de fiscalização da Anvisa, as alegações de saúde que mais alarmam a agência.

Esse produto não tem a atuação dentro da área de saúde, porque é uma substância que é registrada como produto de limpeza. Não há nenhum estudo que possa ser registrado como um uso no ser humano, portanto, esse uso é irregular. As punições para quem vendem esse tipo de substância é a interdição e a multa. Por outro lado, o caso pode ser levado ao Ministério Publico e ser julgado na vara criminal.