Jair Bolsonaro tem uma passagem de sua vida pouco conhecida do público em geral. O atual presidente da República tem em seu currículo militar um grave episódio que quase fez com que ele fosse expulso do Exército brasileiro.

Este episódio está descrito no livro "O Cadete e o Capitão", do jornalista Luiz Maklouf Carvalho. Na obra do jornalista é questionada a decisão do Superior Tribunal Militar (STM) que isentou Bolsonaro.

Protesto

Jair Bolsonaro foi acusado de tentar explodir bombas em 1987, como forma de protesto contra os baixos soldos. Por essa acusação, ele foi processado e acabou absolvido pelo STM, pelo placar de 9 votos a 4.

Segundo as páginas do livro de Luiz Maklouf Carvalho, para fazer com que os ministros votassem a favor de Bolsonaro, sua defesa teria feito uma artimanha.

A história oficial, que consta da ementa do caso, o resumo da decisão publicada pelos juízes dizia haver quatro laudos grafotécnicos: dois absolviam o réu, enquanto os outros dois o condenavam, isto posto, a dúvida absolvia o réu.

Mas, a história descrita no livro por Maklouf não é bem assim, ao contrário do que sempre foi dito por pelo atual líder do poder Executivo, e dos ministros do STM, não havia nenhum laudo inocentando o acusado.

A história

Em 1986, Jair Bolsonaro escreveu um artigo para a revista Veja, reclamando da baixa remuneração dos militares.

Este artigo desagradou o Exército, e Bolsonaro acabou preso por 15 dias.

No ano seguinte, a Veja publicou matéria em que revelava uma operação com o objetivo de colocar bombas em unidades militares, e nessa operação apareceu o nome de Jair Bolsonaro.

Inicialmente, o Exército tentou negar os fatos relatados na matéria. Porém, a revista publicou as provas sobre a Operação Beco Sem Saída.

O livro de Luiz Maklouf mostra pela primeira vez os bastidores deste caso. Entre as provas está um croqui que explica como seria fácil colocar uma bomba na adutora do rio Guandu. A revista afirma que o documento era de autoria de Jair Bolsonaro.

O general Leônidas determinou que Bolsonaro fosse submetido ao Conselho de Justificação e reconheceu que errou ao acusar a revista, pois ficou comprovado que Bolsonaro é quem havia mentido.

O Conselho julgou Bolsonaro por 3 a 0.

Mudanças

No livro é explicado como o então capitão Jair Bolsonaro conseguiu um parecer positivo sobre o caso. É relatado que Bolsonaro apresentou sua defesa por escrito ao STM, e ao relacionar os exames grafotécnicos, ele omitiu várias informações.

O autor do livro tentou entrar em contato com Jair Bolsonaro por seis meses e não foi atendido. Assim como também não obteve resposta da assessoria do Palácio do Planalto.