Em sua conta oficial no Twitter, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, parabenizou a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal pelas investigações e prisões feitas nesta terça-feira (23). "Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF (Ministério Público Federal) e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime", disse Moro.

Ao final do tuíte, o ministro sugeriu que a prisão desses supostos hackers tem relação com os vazamentos feitos pelo portal The Intercept.

Em resposta, Leandro Demori, editor do The Intercept, disse nunca ter revelado a fonte das mensagens e concluiu que a acusação de Moro fica por conta dele.

Prisão dos suspeitos de hackear os celulares

O fato ocorreu no final da tarde desta terça-feira, quando quatro pessoas suspeitas de participarem da invasão aos celulares do ministro Moro e do procurador Deltan Dallagnol foram presas em São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP).

A operação tem o nome de Spoofing --falsificação tecnológica para enganar uma rede ou pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é--- e investiga crimes cibernéticos. A ação partiu do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília.

Foi informado também que foram cumpridos mais de 11 ordens judiciais, com 7 mandados de busca e apreensão e 4 prisões. Os presos prestarão depoimentos à Policia Federal em Brasília. As autoridades policiais ainda não conseguiram estabelecer relação entre esses presos e as mensagens privadas conseguidas pelo site de notícias The Intercept Brasil.

O vazamento de mensagens do ministro

No último dia 9 de junho foram reveladas pelo site The Intercept Brasil os primeiros dados de conversas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol pelo aplicativo de mensagens Telegram. Posteriormente, novos dados foram revelados em artigos apurados e publicados em parceria com o jornal Folha de S.Paulo e o blogueiro Reinaldo Azevedo, do UOL.

As conversas mostram uma possível interferência nas investigações da Lava Jato.

O crime

No início de junho, Moro relatou que seu celular foi invadido por hackers que enviaram mensagens de seu aparelho para outras pessoas. Ele mesmo recebeu uma ligação de seu próprio número, que ele atendeu, mas percebeu que não tinha ninguém do outro lado da linha. Desde então, esse número que utilizava foi desativado e ele passou a usar um novo. Os envolvidos questionaram se as mensagens eram verdadeiras e afirmaram que esse crime cibernético tem por objetivo libertar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Novas invasões

O ministro da Economia Paulo Guedes e a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) alegaram que seus celulares foram hackeados.

A deputada encaminhou o caso às autoridades competentes. Na segunda-feira (22) de madrugada, ela teria recebido ligações do próprio número e enviou mensagens do aplicativo Telegram, mesmo sem usar o app desde a campanha de 2018. A denúncia está nas mãos da corregedoria da Polícia Federal.

Já o caso envolvendo o Guedes ocorreu nesta terça-feira. Devido à invasão, a assessoria do ministro pediu aos jornalistas que desconsiderem qualquer comunicação que viesse do número de celular dele.