Depois de 20 dias internada em estado grave, a jovem Mayara Estefanny Araújo, de 19 anos, morreu na noite desta quinta-feira (25), em um hospital do Recife. Ela estava internada no Hospital Restauração desde 4 de julho, no bairro Alto do Progresso, após ter sido atacada pelo ex-marido com ácido sulfúrico e entrou em óbito pouco depois das 22 horas.

A substância atingiu o rosto, tórax, pescoço, membros superiores e o cabelo da vítima.

O líquido chegou a atravessar o corpo atingindo alguns órgãos da jovem. Os médicos ainda tentaram fazer uma traqueostomia na jovem, o que melhoraria sua respiração, mas o procedimento não foi possível por conta o estado que se encontrava o tecido de seu pescoço. De início chegou-se a imaginar que a substância era soda caustica, mas após uma perícia foi constado que era ácido sulfúrico, elemento bem mais corrosivo.

O acusado de ter cometido o crime, William César dos Santos Júnior, de 30 anos, com quem teve uma filha de dois anos com a vítima, além do amigo dele, Paulo Henrique Vieira dos Santos, de 23 anos, foram presos alguns duas depois e seguem detidos.

Nesta quinta-feira (25), horas antes da morte da jovem, o Ministério Público havia indiciado os dois por tentativa de homicídio qualificado. No dia 12 a Polícia Civil também havia indiciado a dupla por tentativa de feminicídio. O velório e o enterro de Mayara acontecem serão feitos na cidade de Limoeiro, onde vive a mãe da jovem.

Queixas de violência

Este não foi o primeiro caso de violência que a jovem sofreu do ex-companheiro. Havia pelo menos três queixas de violência contra o homem em um intervalo de 19 dias entre a primeira queixa e o crime acontecer. De acordo com familiares, a jovem era constantemente agredida pelo homem e havia uma medida protetiva, que não era cumprida por ele. A primeira das queixas foi feita após ele ameaçá-la, a segunda também foi ameaça, através de uma chamada de vídeo e a terceira foi após ele dizer para a mãe da jovem que a vítima pagaria por ter feito ele brigar com a atual Mulher.

O acusado ficou foragido por cinco dias e depois se apresentou em uma delegacia, onde disse que pretendia apenas dar um susto na ex-companheira, que por conta da substância que lhe atingiu, teve 35% do corpo queimado e grandes chances de perder a visão. Em seu depoimento ele também disse que a motivação do ataque foi a dificuldade imposta para ver o filho de dois anos, versão derrubada após o depoimento de testemunhas. O casal manteve uma relação por quatro anos, mas haviam se separado há alguns meses.

William trabalhava como agente de saúde para a Secretaria e Saúde do Recife, que já abriu processo para efetuar seu afastamento.