Na manhã deste domingo (30), o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais divulgou que a movimentação do talude da mina de Gongo Soco, localizada na cidade de Barão de Cocais, está em 44,7 cm por dia.

O parecer refere-se à medição feita às 6 h da manhã de hoje e sugere que o terreno apresente “escorregamento lento e desagregado”. Isto significa que, num eventual desmoronamento, certos segmentos da parede busquem a cava – a parte alagadiça do conjunto da mina.

Em comparação com a medição efetuada há dois dias, observa-se um pequeno aumento na velocidade do deslocamento.

No dia 28/06, a variação foi em 43,2 cm/dia.

Sobre o risco iminente de uma tragédia repetida como nos casos de Brumadinho e Mariana, os bombeiros declararam que não existe comprometimento sério da estrutura ou a presença de algum abalo que faça pensar no colapso da barragem Sul Superior. A estrutura de Gongo Soco está a uma distância de 1,5 quilômetros de Barão de Cocais.

Já foi pior

Em maio de 2019, a população mostrou nervosismo e preocupação com o estado do talude. Realizaram-se simulados de evacuação e retirada das famílias das zonas rural e urbana, em função do grande risco verificado. Porém, não é apenas a cidade de Barão de Cocais que está em alerta. As vizinhas Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo estão no caminho dos rejeitos, caso se concretize o transbordamento.

Ao todo, cerca de 460 cidadãos foram obrigados a abandonarem suas casas, seguindo a orientação da Vale. Numa escala que alcança até o número 3, a empresa mineradora elevou ao grau máximo de perigo de rompimento para a mina de Gongo Soco. Desde 22 de março, a região está sob emergência pelos critérios adotados.

Roendo unhas

Além da mina de Gongo Soco, outras 33 barragens estão com as atividades suspensas ou interditadas.

Parte delas deriva de decisões judiciais que questionam o nível de segurança das estruturas. Três delas se localizam perto de Brumadinho, onde ocorreu o colapso da mina Córrego do Feijão.

Cerca de 1.100 moradores das cidades de Ouro Preto, Brumadinho, Nova Lima e Rio Preto foram obrigados a deixar suas habitações. As barragens próximas a Ouro Preto e Nova Lima também estão com o grau 3 de emergência.

Se o talude de Gongo Soco vier abaixo, os rejeitos atingiriam a bacia do Rio Doce que, já foi atingida em 2015 com o rompimento da barragem de Mariana.

Providências

A Vale está trabalhando na contenção dos impactos negativos sobre o transbordamento em Barão de Cocais. Entre elas, está a construção de vias alternativas utilizadas como rotas de fuga e de um muro para tentar obstruir a passagem dos rejeitos.

Uma nova medição, então prevista inicialmente para as 21h de 30/06, foi feita pelo Corpo de Bombeiros mineiro a fim de monitorar a velocidade e o grau de deslocamento do talude que ameaça Barão de Cocais.