Saiu nesta quinta-feira (1°) uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, em parceria com o site The Intercept Brasil, divulgando mais mensagens atribuídas aos procuradores da Lava Jato. Essas mensagens mostram que o chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, teria incentivado a investigação do ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), em 2016. Nessa época, o atual presidente do Supremo estava sendo visto como um potencial adversário que poderia parar a Operação Lava Jato.

Nessas mensagens que foram receptadas pelo site The Intercept Brasil, que segundo a Folha, foram examinadas, Dallagnol procurou mais informações sobre algumas ações financeiras do ministro e sua mulher.

Segundo a Folha, Deltan teria buscado evidências que comprovassem uma estreita ligação entre Dias Toffoli e as empresas envolvidas no esquema de Corrupção da empresa estatal Petrobras.

Os ministros do supremo não podem ser investigados por nenhum procurador da primeira instância, como Deltan e a Lava Jato. Pois, segundo a Constituição, os ministros do Supremo só podem ser investigados pela Procuradoria Geral da República, mediante autorização da própria Corte.

O interesse por Dias Toffoli, segundo a reportagem, aconteceu em julho de 2016, porque a OAS fazia uma negociação para colaborar com a investigação da Lava Jato e assim seus executivos teriam benefícios em relação às penas sofridas.

Nas reuniões iniciais que aconteceram entre a defesa da OAS e os procuradores que ocorreu em 2016, os advogados da empresa disseram que a empreiteira participou da reforma da casa do ministro, que fica no Distrito Federal.

Mas, o trabalho foi feito por uma outra empresa indicada pela OAS e ele teria pago o serviço.

A reportagem da Folha diz que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, disse aos advogados da empresa que não havia nenhuma irregularidade dessa reforma. Porém, Léo Pinheiro respondia a vários inquéritos sendo réu e assim, os procuradores tinham curiosidade de saber se aquilo era verdade.

As mensagens

O chefe da força-tarefa, no dia 13 de julho, consultou os mesmos procuradores que participaram e fizeram o acordo com a OAS. Ele perguntou no grupo dos procuradores no Telegram se a defesa da OAS tinha dito alguma coisa sobre o apartamento do ministro. Sérgio Bruno Cabral Fernandes respondeu que até onde sabia, não foi dito.

Porém, alertou Fernandes que tinha de averiguar com bastante cuidado.

Após duas semanas, no dia 27 de julho, Dallagnol procurou o assessor do então procurador-geral Rodrigo Janot, Eduardo Pelella. Essa procura, segundo a reportagem da Folha era para fazer um repasse de informações que dizia que Dias Toffoli era sócio de um hotel no Paraná com seu primo.

Um dia depois dessa procura, Deltan ainda insistiu em saber essas informações. Perguntou se o assessor de Janot poderia descobrir o endereço do apartamento do ministro Toffoli que teria sido informado. Palella, além de corrigir não que não se tratava de um apartamento, mas, uma casa, também repassou o endereço para o procurador federal.