Quando se usa o termo 'Crime Organizado' para descrever facções, não é brincadeira. Segundo o UOL, uma das maiores facções criminosas do país tem uma espécie de setor imobiliário, eles têm uma divisão que cuida exclusivamente da acomodação de familiares de presos em cidades onde há presídios federais.
Segundo a própria Polícia Federal, a facção ajuda os integrantes que estão reclusos com dinheiro e cuidam da locomoção das famílias para visitas e pagam até os advogados.
Núcleo imobiliário do PCC é novidade
Segundo o pesquisador e jornalista do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Bruno Paes Manso, a criação desse setor na facção é uma novidade, nunca esteve nos processos ou nos organogramas.
De acordo com o UOL, os responsáveis por administrar o setor 'imobiliário' da facção eram Juliana Baia de Oliveira , conhecida como Nicole e seu braço direito Sebastião Gilberto Araújo Neto, conhecido como Cristian. A Polícia Federal disse que Juliana era a responsável, ela se dirigia diretamente a cúpula do PCC. Já Sebastião Gilberto era uma espécie de monitor, ele liderava a 'função disciplinar' de membros que estavam em liberdade em Minas Gerais, ele também aplicava punições quando havia desvio de conduta.
Os advogados de Juliana e Sebastião não foram localizados pelo UOL, mesmo o processo sendo público, o Tribunal de Justiça do Paraná não quis divulgar os nomes de ambos advogados.
Procurador diz que a estrutura não espanta
O promotor de justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya, pediu no fim do ano passado a transferência de chefes de facções de presídios paulistas para os federais.
Segundo Gakiya, mesmo que só tenha vindo a tona agora, o ''resumo das trancas'' já era monitorado desde 2011, ano em que os presídios federais foram criados.
Mario Sérgio, procurador que investigou o PCC no ano 2000, disse que a criação desse setor na facção não espanta, pois, a facção sempre apoiou os familiares dos presos, antes com locação de ônibus e cestas básicas, agora com o crescimento da facção eles têm um 'setor imobiliário'.
Casa com piscina e aluguel de R$5,000
De acordo com o UOL, em junho desse ano, a Polícia Federal fez busca e apreensão em seis casas em Campo Grande, alugadas pela facção para receber familiares de presos.
Uma dessas casas contava com seis dormitórios e até piscina. O lugar poderia abrigar até 20 pessoas de uma só vez, o aluguel dessa casa era nada menos que R$5,000 por mês.
No Brasil existem cinco presídios federais que abrigam criminosos de alta periculosidade: Paraná, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Brasília. Segundo o UOL, a média de gastos mensais com os presídios federais no Brasil gira em torno dos 23 milhões de reais que saem dos cofres públicos, que por sua vez são abastecidos com o dinheiro dos impostos de milhões de brasileiros assalariados.