A docente Adriene Gomes foi denunciada após ter citado o presidente da República, Jair Bolsonaro, em uma prova de história que foi aplicada aos alunos do nono ano do ensino fundamental da Escola Municipal Sócrates Mariani Bittencourt. A escola fica localizada na cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Segundo informações do jornal O Tempo, alguns pais teriam se incomodado com o fato da professora ter trazido na prova charges que continham trechos de reportagens acerca de alguns posicionamentos polêmicos de Bolsonaro.
A prova foi aplicada pela docente em março, e nela continham duas charges e uma matéria do jornal O Globo, que foi publicada em junho do ano de 2018.
Na prova, a professora pediu para que os alunos fizessem um texto dissertativo relacionando o conceito de "pós-verdade" com a negação do golpe de 1964. O texto apresentava algumas afirmações do presidente acerca do Estatuto do Desarmamento, da ditadura militar, bem como, a questão da privatização dos setores de energia e petróleo.
Após alguns pais de alunos reclamarem, o deputado estadual Bruno Engler (PSL) denunciou a docente. O deputado enviou um ofício ao diretor da escola solicitando que apurasse a conduta da professora que aplicou a prova para que, segundo ele, as medidas cabíveis fossem tomadas.
O deputado Bruno Engler afirmou que os pais dos alunos estavam consternados pelo fato da professora não estar utilizando a prova para ensinar, mas para doutrinar. O deputado disse ainda que os conteúdos da prova atacavam não só Bolsonaro, mas também seus eleitores. Ele completou sua fala afirmando que tinha que zelar por uma educação isenta.
Docente diz que vai processar deputado
Segundo informações do jornal, a docente Adriene Gomes afirmou que pretende processar o deputado Bruno Engler por ter lhe denunciado. A professora criticou a postura do deputado que, segundo ela, não sabe qual seria realmente a sua função no Legislativo. Para a docente, o deputado deveria estar mais preocupado com o bem-estar da população ao invés de denunciá-la por ter citado o presidente na prova.
Adriene Gomes também fez críticas à postura de alguns governantes que, segundo ela, não entendem o verdadeiro valor da educação pública e afirmou que o país está vivendo uma ditadura.
A Secretaria Municipal de Educação do município comunicou que defende a liberdade de pensamento preconizada pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do estado de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) também saiu em defesa da professora e informou que a escola deve preservar o seu caráter democrático.