Um relatório do Ministério da Saúde, divulgado nesta sexta-feira (03), aponta que quatro estados e o Distrito Federal podem já estar entrando na segunda fase endêmica. Com isso, esses cinco estados podem estar no processo de transição de transmissão localizada para aceleração descontrolada. O Ministério da Saúde classifica em quatro as fases de uma Pandemia: epidemia localizada, aceleração descontrolada, desaceleração e controle. O Brasil, que teve o primeiro caso confirmado há 37 dias, ainda está na primeira fase: epidemia localizada.

O relatório aponta que a situação desses estados é preocupante por conta da escassez de recursos que o sistema de saúde ainda dispõe, levando em consideração que o país ainda está em fase de preparação para receber os pacientes de casos mais graves. Outro problema é a limitação no número de testes, levando em consideração que, atualmente, as redes de laboratórios podem processar até 6700 testes por dia.

No entanto, o Ministério da Saúde estima que, em um momento mais crítico, o país vai necessitar de cerca de 30 a 50 mil testes por dia.

Os coeficientes de incidência levados em consideração pelo relatório

Para chegar a essas conclusões, o Ministério da Saúde leva em consideração o coeficiente de incidência nacional, que é de 4,3 casos por 100 mil habitantes. No caso desses quatro estados e o Distrito Federal a situação já é mais preocupante por causa do avanço que está tendo.

Em Brasília o coeficiente é mais que o dobro da nacional, chegando a 13,2/100 mil habitantes. Logo em seguida vem São Paulo, com 9,7/100 mil habitantes, sendo o estado paulista o mais infectado do Brasil. Depois vem o Ceará, com 6,8/100 mil habitantes, apesar da maioria dos casos estarem concentrados na capital, Fortaleza.

Por fim, vem Rio de Janeiro e Amazonas, com 6,2/100 mil habitantes cada.

Outra preocupação apontada no relatório é no aumento do número de casos entre profissionais de saúde, o que reduz ainda mais a frota de profissionais ativos na linha de frente do combate ao coronavírus. Além disso, o sistema de saúde ainda não está totalmente estruturado, pois os leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) também não estão devidamente estruturados para receber os pacientes mais graves.

Estratégia dos Estados para tentar conter esse avanço

Apesar do subsecretário de Vigilância Sanitária da SES (Secretaria Estadual de Saúde) de Brasília, Francisco Araújo, afirmar para o jornal Agência Brasília que o número "está dentro do esperado", o relatório apontou que o DF tem a situação mais delicada. Em comparação com o coeficiente de incidência nacional, o coeficiente de Brasília é mais que o dobro do nacional, contabilizando 13,2/100 mil habitante.

Até a publicação dessa matéria, o Distrito Federal já contabilizava 422 casos do novo coronavírus. Número que, de acordo com a SES, está dentro do esperado. No entanto, o relatório do Ministério da Saúde destacou como "preocupante" o caso de Brasília. Contudo, o secretário de saúde do DF afirmou que a estratégia adotada pelo estado é diferenciada dos demais estados.

Em São Paulo, estado onde se concentra os maiores casos do Brasil, adota a estratégia aconselhada pelo Ministério da Saúde: isolamento social. Com as ruas pouco movimentadas e os comércios e restaurantes fechados, o estado paulista praticamente parou. Em meio aos embates contra Bolsonaro (sem partido), o governador João Doria (PSDB) não cedeu a pressão do presidente e segue com a quarentena com o objetivo de conter as infecções.

Já no Ceará, o governador Camilo Santana (PT), segue com o mesmo protocolo do isolamento social. Através de decreto, o governador cearense ordenou que todos os bares, restaurantes e comércios fossem fechados, mantendo somente os serviços essenciais, mas sem aglomerações.

No Rio de Janeiro, um dos principais ponto turístico do nosso país, já chegou a mais de mil casos do novo coronavírus. Atualmente o estado tem 1077 infectados, com um coeficiente de infecção também acima da média: 6,2/100 mil habitantes. O governador Wilson Witzel (PSC) decretou medidas restritivas no estado com o intuito de conter o avanço do coronavírus. O decreto chegou a ser renovado no fim do mês de março por mais 15 dias.

Por fim, o Amazonas, que atualmente conta com 260 casos, também foi motivo de preocupação do relatório. Os especialistas acreditam que, em decorrência do avanço das infecções nesses estados o Brasil precisará tomar medidas mais rígidas para conter o avanço.