O Instituto Butantan, em São Paulo, fechou uma parceria com a empresa chinesa Sinovac para conduzir em voluntários brasileiros a terceira fase de testes da vacina para a Covid-19.

A Sinovac anunciou neste domingo (14) avanços promissores na corrida para a descoberta de uma vacina eficaz contra o coronavírus.

Segundo a empresa chinesa, a vacina induziu uma produção de anticorpos em 90% dos pacientes submetidos aos testes. Os anticorpos aparecem por volta de 14 dias após a dose e efeitos colaterais graves não foram apresentados.

Eficácia promissora em vacina contra o coronavírus

Um total de 743 pessoas saudáveis, entre 18 e 59 anos, participaram da pesquisa como voluntários. Com a fase 1 e 2 concluídas, na sexta-feira (12), a Sinovac fechou uma parceria com o governo de São Paulo para a terceira fase dos testes, na qual 9 mil voluntários devem ser testados em conjunto ao Instituo Butantan.

De acordo com nota divulgada pela Sinovac, nem todas as pessoas que participaram das pesquisas foram vacinadas, sendo que algumas delas receberam apenas placebo, grupo necessário para controle. O número exato de quantas pessoas receberam a dose de vacina ou placebo não foi divulgado.

Todas as etapas dos testes acontecem de forma aleatória.

As pessoas são colocadas nos grupos de forma não ordenada e cientistas e pacientes não sabem quem está recebendo a vacina ou não.

Natália Pasternak, microbiologista do Instituto Questão de Ciência, diz que os ensaios são realizados em centenas de pessoas, com o objetivo de analisar a reação às substâncias, a resposta imune, medir os anticorpos, os parâmetros de sangue e a resposta celular.

De acordo com Pasternak, os anticorpos que aparecem após a vacinação são protetores, mas não se sabe quanto tempo dura a imunidade. Este, inclusive, é um dos fatores a serem descobertos na fase 3 dos testes.

O único problema da vacina chinesa é que em termos de tecnologia ela é considerada antiquada, pois trabalha com o vírus inteiro, o que significa cultivar o vírus, para depois inativá-lo.

O custo para cultivar grandes quantidades do vírus respiratório em laboratórios é muito alto, porém, são vacinas seguras, que o Butantan sabe fazer muito bem.

Outro fator importante é que, se o vírus sofrer algum tipo de mutação, a vacina já não seria eficaz e não serviria para outros tipos de vírus. Essa possibilidade, porém, é pouco provável, pois o coronavírus é considerado um vírus que não tem alto poder de mutação.

A vantagem das vacinas modernas é que são construídas de forma mais versátil e adaptadas para o novo vírus, segundo a microbiologista.

Vale destacar que ainda não foram publicados artigos científicos com o resultado dos testes.

Segundo João Doria (PSDB), governador do estado de São Paulo, a vacina chamada de Coronavac, que está sendo produzida através dessa parceria, pode estar disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) já em 2021.