Thaylane, uma jovem de apenas 17 anos, foi vítima de homofobia no município de Formosa, Goiás, enquanto voltada de bicicleta de uma festa. A jovem foi abordada por três homens, cada um com uma arma diferente. Um deles portava um facão, o outro uma barra de concreto e o terceiro um pedaço de pau. O caso aconteceu no mês de outubro de 2019 e, quase um ano após o crime, a mãe conta a história de sua filha.

Depoimento da mãe

A mãe de Thaylane, Luciana Costa Santos, de 39 anos, relatou ao portal UOL que, antes de ser espancada, a filha sofreu diversos tipos de agressão verbal.

Os homens a chamaram de "sapatão dos infernos" e alegaram que toda sapatão tinha que morrer. Após agredirem verbalmente, os três homens passaram a espancá-la. A jovem foi agredida com o facão, o pau e a barra de concreto por diversas vezes na cabeça.

Como tudo ocorreu no fim de noite, os agressores deixaram a jovem jogada em uma poça de lama, muito ferida. Ela foi encontrada apenas horas depois do ocorrido. Os ferimentos a deixaram em um estado muito grave. No atendimento realizado pelo Corpo de Bombeiros, foi precisou um helicóptero para levá-la a um hospital próximo na cidade antes que pudesse ser transferida à capital do estado, Goiânia.

Ferimentos

As fortes agressões resultaram na perda de 14 dentes, o maxilar foi quebrado, traumatismo craniano e um corte profundo na região da nuca.

Quando recebeu atendimento da equipe médica, a jovem precisou realizar uma aspiração nos pulmões devido à grande quantidade de sangue e água suja aspiradas. O corte que ela apresentava na nuca só não a levou à morte porque o facão não devia estar bem afiado.

Ainda de acordo com a mãe, Thaylane estava banhada de sangue e o osso podia ser visto através do corte.

Nas feridas em seu rosto, que não paravam de inflamar, foram encontradas farpas do pedaço de pau e vestígios do concreto. As armas usadas na agressão foram deixadas ao lado da jovem, na poça.

Justiça

Mãe e filha aguardam justiça há quase um ano. Mesmo que a vítima tenha identificado os agressores, nenhum dos suspeitos foi preso.

A Polícia chegou a prender um deles, porém, alegando falta de provas e o não flagrante, soltou-o dois dias depois.

A mãe ainda desabafa sobre as acusações. O delegado responsável pelo caso registrou o crime como lesão corporal, o que causa discordância de todos que defendem uma tentativa de homicídio.

Sequelas das agressões

Thaylane sofreu graves sequelas devido às agressões. Quase um ano após o crime, ela ainda aguarda o implante dos dentes perdidos, seu maxilar precisou ser reconstruído com platina e ela perdeu parte da audição de um dos ouvidos.

Além das sequelas físicas, Thaylane ficou com sequelas neurológicas, as que mais preocupam a sua mãe. Thaylane desenvolveu um quadro de depressão, transtornos psiquiátricos que fazem com ela perca a noção da realidade em devidos momentos e fale coisas sem sentido.

A mãe ainda afirma que ela vive seus dias trancada no quarto escuro, com as cortinas e janelas fechadas, sempre enrolada em um cobertor e que nunca mais viu a filha sorrir. Além disso, ela teve redução da coordenação motora fina, que se tornou mais lenta, e desenvolveu um quadro de convulsões e precisa tomar cinco remédios por dia para controlar as sequelas neurológicas.

Dificuldades

O crime mudou a vida da mãe e da filha. A filha depende de cuidados da mãe, que está desempregada, pois precisa se dedicar a ela. O aluguel da casa está atrasado há meses, a comida delas vem todas de doações realizadas pela igreja e amigos, e os remédios têm um custo altíssimo.

Dos cinco medicamentos que Thaylane toma, dois são fornecidos pelo SUS e três precisam ser custeados pela família, com um gasto que chega a R$ 400 mensais.

As medicações que o SUS não fornece são remédios para que ela consiga dormir, para evitar que ela tenha convulsões e um à base de morfina para minimizar a dor nos dentes.

Devido às dificuldades, uma vaquinha on-line está sendo realizada para auxiliar a família (vakinha.com.br/vaquinha/ajude-thaylanne-vitima-de-homofobia).