Item essencial na alimentação da grande maioria dos brasileiros, o pequeno grão de arroz vivencia uma realidade inversa ao seu tamanho. Nas últimas semanas, o preço médio de um pacote de cinco quilos variou de R$ 15,00 para R$ 40,00. Quantia cobrada e disponível nas prateleiras dos supermercados, ou seja, o preço final no varejo.
Nesta quarta-feira (9), o IBGE divulgou que a “valorização” do arroz, de janeiro até o mês de agosto, foi de 19,2%.
Se a expectativa popular é de abaixar para comprar mais arroz, a tendência para o futuro é contrária ao desejo dos consumidores.
Pelo menos até o início de 2021 o preço do cereal deve aumentar, pois o ciclo do arroz está na entressafra.
Auxílio Emergencial no meio disso
Economistas de olho no mercado apontam outros fatores que contribuem para a disparada do arroz no bolso da freguesia. De acordo com eles, o patamar elevado da cotação do dólar e o auxílio emergencial distribuído pelo governo federal ajudam nesse panorama de penúria de menos comida no prato.
Referente ao primeiro citado, isto é, o dólar lá nas alturas atrai a atenção dos produtores, a qual volta-se à exportação. Por um lado é bom, visto que o preço final de venda gera mais dinheiro para os agricultores que sorriem para o exterior. Mas, por outro lado, isso significa que o total produzido tem de ser repartido: se uma parcela deste total é transportada para outros lugares do mundo, sobra menos produto a ofertar dentro do Brasil.
Com pouca oferta, o preço do alimento galopa e o consumidor sente o tranco.
Já com relação ao segundo motivo, alguns economistas acham que a injeção de mais dinheiro no mercado –no caso, para os dependentes desse benefício criado em 2020– gerou mais recursos para as famílias. Com mais vontade para se gastar a renda adicional, acarreta-se uma procura maior pelos gêneros essenciais.
E o arroz é um deles na mesa do Brasil. Estando o tempo quase ou inteiro em casa, devido à pandemia de coronavírus, os habitantes domiciliares tendem a produzir sua própria alimentação e, por conseguinte, demandam mais comida.
Agregando um
Essa triangulação seria o motivo principal de quão caro está o cereal branco, mas é preciso acrescentar outro componente que eleva o preço.
Desta vez, a explicação pode ser encontrada na ponta da cadeia de produção. Especificamente, o produtor.
Derivado do dólar, o quarto item está embutido no custo de produção do próprio arroz. Com alta acumulada em 30% nos últimos 12 meses, muitos insumos usados pelo agronegócio são importados, como é o caso dos fertilizantes.
A participação do setor da agricultura na balança comercial brasileira passou de 42,3% para 47, 1%. Ele andou na contramão da tendência de exportações do Brasil, com o volume total retrocedendo em 3,8%. Os dados colhidos de ambos registram até o mês de julho deste ano.
Outro crescimento em igual período foi a disposição do povo em ir mais aos supermercados. Os gastos do brasileiro na rede varejista cresceram 42,6%.
Apelo do governo
Em recente entrevista para a televisão, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, assegurou que não faltará arroz para as famílias; porém, descartou qualquer intervenção do governo nos preços dos alimentos da cesta básica. Além do arroz, outros itens como feijão, leite e óleo de soja estão com forte majoração de preços.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro pediu uma camaradagem aos supermercados a fim de que eles façam o possível na manutenção dos preços da cesta básica.
Ele disse que está “pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro”.
Sua constatação tem um certo fundamento: ao mesmo tempo em que aguarda uma nova safra (o desejável seria uma safra recorde) no menor prazo, é bem difícil que, até o fim do ano, a cotação do dólar sofra grandes variações para baixo, por causa da conjuntura econômica mundial e de uma continuação da pandemia.
Caso não queira levar um sobressalto, resta ao consumidor pesquisar muito, pois num portal virtual de vendas a varejo, é possível encontrar o pacote de 5 kg a R$ 53,25.