Nataly Ventura da Silva, que trabalhava de auxiliar de cozinha em um hipermercado na zona oeste do Rio de Janeiro, foi demitida após fazer uma denúncia de racismo e intolerância religiosa. Segundo o estabelecimento, a justificativa para a demissão foi ter "se envolvido em situações de conflito com outros funcionários".
Em uma entrevista ao canal GloboNews, nessa última segunda-feira (31), Nataly disse que desde o primeiro dia no emprego já estava convivendo com um colega que a discriminava.
O colega seria o suspeito de ter feito ofensas a colega, que é negra, e ainda praticado o crime de intolerância religiosa, tendo ofendido a jovem por ser da religião do candomblé. Segundo o MPT (Ministério Publico do Trabalho), Nataly foi surpreendida com um avental com a frase "só para branco usar" e a assinatura do colega de trabalho. O Ministério entrou com uma ação contra o hipermercado.
Nataly disse na entrevista à GloboNews que se sentiu muito mal e chorou. Disse ainda que foi nesse dia chorando para casa e ficou com a frase em sua cabeça e questionava a razão de tudo aquilo. Entretanto, Nataly disse a si mesma que não era ela que tinha que explicar o motivo daquilo.
Questionado pela GloboNews, o hipermercado falou que chegou a abrir uma sindicância para apurar o fato e que isso fez o hipermercado afastar e, posteriormente, demitir o funcionário acusado. O canal jornalístico chegou a procurar o homem e ele disse que isso não passava de uma brincadeira.
No seu depoimento, o suspeito disse que escreveu mesmo a frase e que a colega apenas fez o pedido para apagar a frase racista. Ainda, segundo o documento interno do hipermercado, o mesmo homem já tinha sido denunciado por racismo por uma outra colega na mesma unidade em que trabalhava.
Ministério Publico do Trabalho denuncia caso
Segundo informações do G1 e do Ministério Publico do Trabalho, mesmo após Nataly levar o caso para a chefia do setor, não houve por parte do gestor nenhuma forma de punição na hora da denúncia, apenas expressaram a ordem de apagar a frase.
A demissão, segundo o MPT, só aconteceu logo depois porque ocorreu o início de uma investigação do caso pelos promotores.
Ainda segundo Nataly, quando foi demitida, ela voltou para buscar suas coisas e estava lá o avental com a mesma frase. Foi então que ela tirou a foto para ter a prova do fato.
O Ministério Publico do Trabalho, nessa ação contra o hipermercado pede o pagamento de indenização do valor de R$ 50 milhões por dano moral coletivo, além da volta ao trabalho da vítima de racismo.
Em entrevista à GloboNews, a procuradora do MPT Fernanda Barbosa Diniz disse que há uma importância muito significativa dentro da denúncia desse tipo de caso. Isso porque, o que os procuradores buscam é que a empresa construa um ambiente de serviço onde haja segurança para seus colaboradores.