O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi condenado na quarta-feira (20) pela 11ª Vara Cível de São Paulo a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil à jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello. O filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda pode recorrer da decisão do juiz Luiz Gustavo Esteves.

Além desse valor, o parlamentar ainda terá que arcar com o pagamento das custas do processo e dos honorários advocatícios no valor de 15% da condenação, como foi divulgado pela Folha de S.Paulo. Eduardo disse que a profissional da imprensa “tentava seduzir” fontes para conseguir informações que, de acordo com o parlamentar, iriam prejudicar seu pai.

Terça Livre

Eduardo Bolsonaro fez as acusações contra a jornalista em uma live que foi realizada no dia 27 de maio de 2020 no canal do YouTube Terça Livre TV, do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Eduardo afirmou que Patrícia Campos Mello teria tentado seduzir Hans River. Ele ainda alegou que não são somente os homens que assediam as mulheres, que o contrário também acontece. Eduardo ainda afirmou na ocasião que a jornalista teria se insinuado sexualmente para entrar na casa de Hans River para poder ter acesso ao laptop dele e assim poder encontrar alguma coisa contra o presidente Jair Bolsonaro. A jornalista então entrou na Justiça depois de ter sido alvo de ofensas com teor sexual feitas pelo filho do presidente da República.

Hans River

O homem que Eduardo Bolsonaro acusou falsamente a jornalista da Folha de ter tentado seduzir se chama Hans River do Rio Nascimento, um ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa, que também caluniou Patrícia Campos Mello em sessão da CPMI das fake news, no Congresso Federal, em fevereiro de 2020.

Hans River trabalhava para a Yacows, uma empresa de marketing digital. Em 2018, quando estava acontecendo a campanha eleitoral, em dezembro daquele ano, a Folha de S. Paulo fez uma reportagem que revelava uma rede de empresas, dentre as quais estava a Yacows, que recorreram ao uso fraudulento de nomes e CPFs de pessoas idosas para registrar chips de celular e desta maneira, realizar o disparo de lotes de mensagens que beneficiariam políticos.

O parlamentar ainda acusou Patrícia de “inventar notícias” em 2018, durante a campanha à presidência da República do pai. A Justiça afirmou que os R$ 30 mil são decorrentes da “punição pelo ato ilícito cometido e para reparar a vítima de sofrimento moral experimentado”. O site Metrópoles tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa de Eduardo Bolsonaro para que fossem feitos comentários sobre a decisão, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.