Agora ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, o delegado Alexandre Saraiva entrou com uma denúncia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. A acusação foi baseada em uma investigação que culminou com a apreensão de mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, no valor aproximado de R$ 130 milhões, no final do ano passado.

Evidências

Saraiva concedeu entrevista à BBC News Brasil e afirmou que encontrou evidências de que o ministro e o senador tentaram interferir nas investigações do caso.

As principais evidências, disse o delegado, apareceram após a análise, no último final de semana, de documentos que foram entregues por madeireiros. A intenção de Ricardo Salles e Telmário Mota era provar que a maior apreensão de madeira realizada pela Polícia Federal até hoje, estava dentro da lei.

Porém o que foi encontrado foram fraudes muito evidentes e muito graves. Por isso, quando ocorre um crime, se deve tomar as medidas previstas na lei. Quando alguém tem foro privilegiado, se deve comunicar a corte competente para investigar o delito e foi o que foi feito, disse Saraiva sobre os indícios de crimes cometidos por Salles e Mota.

Na última quarta-feira (14), o delegado enviou ao Supremo uma notícia-crime contra o ministro e o senador.

Saraiva tomou a atitude depois de ter achado provas do cometimento de três crimes: advocacia administrativa, atrapalhar a fiscalização ambiental e também a tentativa de prejudicar uma investigação voltada para o combate de uma organização criminosa.

Perguntado, Alexandre Saraiva disse à BBC que não se lembra de todos os detalhes do conteúdo dos documentos que incriminariam Salles e que é atribuição do STF “fazer qualquer juízo”, sobre os dois.

Segundo o delegado, Salles e Mota causaram "obstáculos à investigação de crimes ambientais e buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública''. Agora, o STF irá analisar o documento e vai decidir se abrirá investigação a partir das acusações ou arquivará a denúncia.

Interferência de Salles

A denúncia do ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas é baseada nas investigações que aconteceram na operação Handroanthus GLO, que é considerada pela corporação a maior da história. Desde a importante apreensão, o ministro Ricardo Salles fez críticas à operação e, recentemente, até mesmo fez uma visita à área entre os estados do Pará e Amazonas, o local em que a madeira foi apreendida e continua parada. O ministro se reuniu com madeireiros da localidade e mostrou que acredita que a madeira apreendida seja legal e acredita na inocência dos madeireiros.

O senador Temário Mota se pronunciou por meio de nota e afirmou que “Alexandre Saraiva, mais uma vez busca os holofotes com uma notícia-crime patética, sem fundamento e elaborada apenas para ganhar espaço na mídia e nas redes sociais". A BBC Brasil News entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente que disse que "a resposta será dada em juízo".