Após o Maranhão confirmar na última quinta-feira (20) os primeiros casos no país da variante indiana do novo coronavírus, a B.1.617, ao menos outros quatro estados já monitoram casos suspeitos da nova cepa: Pará, Ceará, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal também investiga um possível caso em seu território.
No Pará há dois casos suspeitos, ambos moradores do município de Primavera. Segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado, os pacientes testaram positivo para a doença após passarem por São Luís, no Maranhão.
No Ceará o caso suspeito envolve um homem de 35 anos, funcionário de uma empresa marítima e que recentemente desembarcou em Fortaleza, vindo da Índia. A amostra do paciente foi enviada à Fiocruz, a qual deve divulgar o resultado até sexta-feira (28).
No Rio de Janeiro trata-se um passageiro que testou positivo para a Covid-19 assim que chegou ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, após retornar da Índia. O homem, morador de Campos dos Goytacazes, segue tendo seu estado de saúde monitorado no Rio de Janeiro.
Em Minas Gerais, no município de Juiz de Fora, um paciente que foi diagnosticado com Covid-19 após uma viagem à Índia está em isolamento. Amostras do seu sangue foram coletadas para a realização do sequenciamento do genoma do vírus.
No Distrito Federal a situação é semelhante aos dois casos anteriores, envolvendo um passageiro que chegou a Brasília vindo da Índia. Segundo informações da Secretaria de Saúde do DF, o homem teve o primeiro resultado negativo para a Covid-19 e fará novo teste em 28 de maio.
Chegada da variante indiana ao Brasil
Essa nova linhagem chegou ao Brasil através do navio MV Shandong Da Zhi, onde, de acordo com o Ministério da Saúde, 15 amostras coletadas apontaram resultado positivo para a Covid-19.
Um dos tripulantes está internado em uma Unidade de Terapia intensiva de São Luís e apresenta quadro clínico grave. Os outros marinheiros seguem em quarentena em cabines individuais.
Próximo de atingir oficialmente a marca de 450 mil mortos por Covid-19, especialistas alertam autoridades sobre a possibilidade de um novo agravamento da situação epidemiológica do país, já prejudicada em razão do ritmo lento de vacinação em âmbito nacional.
É importante ressaltar que a chegada dessa nova cepa ao Brasil ocorre no mesmo momento em que a CPI da Covid, instaurada no Senado Federal, investiga as ações e eventuais omissões do governo federal durante a pandemia.
O que se sabe sobre a variante indiana do coronavírus
Desde que o governo do Maranhão confirmou os primeiros casos da variante indiana do novo coronavírus, o Brasil voltou a ser foco de preocupação internacional, sobretudo em um momento em que muitos especialistas alertam para o surgimento de uma “terceira onda” da Covid-19 no país.
Atualmente já se tem conhecimento de que a nova cepa apresenta grau de transmissibilidade similar à das variantes britânica e P.1, surgida no Amazonas.
Uma de suas particularidades, conforme aponta a médica infectologista Viviane de Macedo em entrevista ao portal RIC Mais, é a mutação que ocorre na proteína S. Toda mutação nessa proteína indica que o vírus está se especializando para se juntar de forma mais eficaz às células do organismo humano.
Ações que podem barrar variante indiana
Virologistas e outros especialistas da área têm chamado a atenção das autoridades públicas para a necessidade de novas medidas diante da possibilidade desta nova cepa se alastrar pelo país. Submissão de passageiros internacionais a quarentenas, estabelecimento de barreiras sanitárias, implantação de sistemas de detecção e restrição de voos vindos de países onde foram registrados casos suspeitos são algumas das medidas que podem impedir a entrada da variante indiana no país.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, Bergamann Ribeiro, virologista e professor do instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB), disse que a vacina também é importante para impedir a interação do coronavírus no organismo humano, de modo que os atrasos na campanha de imunização podem favorecer a replicação do vírus, inclusive de variantes.