Após 17 dias de braços cruzados, os funcionários da montadora automobilística General Motors voltaram a trabalhar a partir da última quarta-feira (8).

O resultado é fruto de uma assembleia da categoria trabalhadora em atendimento a algumas reivindicações postas na mesa com a direção da empresa.

Ficou estipulado que a GM reverteria as 1.245 demissões de funcionários que foram comunicados por meio de telegrama sobre a medida de não fazerem mais parte do quadro funcional. Além disso, os dias parados não serão descontados.

Com a aceitação dessas condições, as três fábricas de São Paulo (localizadas nas cidades de São José dos Campos, Mogi das Cruzes e São Caetano) voltaram ao trabalho.

Licença remunerada

Sem dúvida, trata-se de uma boa vitória do sindicato, o qual costurou um acordo visivelmente favorável aos trabalhadores.

Olhando para a situação dos demitidos, pode-se dizer que a questão não acabou, pois embora oficialmente estejam vestindo a camisa da montadora, eles entraram numa licença remunerada.

Melhor dizendo: eles não estarão na linha de produção ao lado de seus companheiros; ficarão em casa recebendo salário e benefícios por 30 dias. Até lá, ficou estabelecida uma solução a ser apresentada pela empresa sobre qual será a decisão final desses que foram reintegrados.

O problema não surgiu agora nos últimos dias; vem sendo encaminhado a partir de junho, pois segundo a GM, o cenário econômico estava invadido pelo grau de incerteza nos Negócios – leia-se demanda suficiente para comprar carros e veículos.

Então, o grupo que foi dispensado no mês passado, estava em compasso de espera desde a metade deste ano.

Na segunda quinzena de outubro, os executivos os incluíram na lista de dispensa e acrescentaram outros 300 funcionários “desnecessários”.

Voltando atrás

Por determinação do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, a General Motors teve que reincorporar todos os 1.245 funcionários.

Durante o período de junho até outubro, parte desse grupo estava sob lay-off. Esse mecanismo consiste na suspensão do pagamento salarial sem contribuição previdenciária, mas recebendo uma ajuda de compensação. O lay-off permite que o trabalhador ganhe uma bolsa de estudos a fim de aprimorar a qualificação profissional.

Mesmo que não exerçam seus postos de trabalho, eles permanecem na folha de pagamentos da empresa.

O lay-off tem período determinado para sua vigência e pode ser prorrogado algumas vezes.

No caso particular da General Motos, o lay-off tratado com o sindicato da categoria tem previsão de vigência até maio de 2024.

Essa foi uma das razões para que os empregados fossem reintegrados pela fábrica; o Judiciário entendeu que houve violação do acordo firmado.

Todo mundo parou

A mobilização atingiu as três plantas da GM, localizadas em São Caetano, São José dos Campos e Mogi das Cruzes. Foram 12 mil funcionários que aderiram à greve.

Enquanto o barulho de máquinas e ferramentas retorna aos galpões, todo cuidado é pouco, já que ainda pairam algumas nuvens cinzentas no céu da categoria trabalhadora.

As negociações continuam acontecendo entre os executivos e o sindicato.

Estabeleceu-se a formação de uma comissão de sete trabalhadores, cuja função é buscar um entendimento conjunto com a GM sobre o que fazer com os empregados demitidos/licenciados.

Além disso, aprovou-se o estado permanente de greve, indicando que, se a montadora não cumprir o combinado, deflagra-se outro período de paralisação.

Por sua vez, a GM confirmou o retorno do funcionamento dos três locais e que busca as “negociações com os sindicatos para que possamos chegar a um rápido acordo, que seja justo e que nos permita seguir produzindo e investindo no País.”

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Valmir Mariano, destaca que a vitória dessa paralisação “foi fruto de uma grande luta, que uniu os trabalhadores das três fábricas e mostrou nossa força”, mas ressalta: “Em qualquer movimento da empresa no sentido de colocar em risco empregos e direitos, a greve será retomada”.