Tradicional instituição ligada à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, o Instituto Vital Brazil (IVB) sopra suas velinhas de 100 anos de existência, visando prosseguir a pesquisa e o estudo. Nesse sentido, anunciou a criação de um curso de pós-graduação na área de farmácia, cuja ênfase será a produção de soros hiperimunes. Esta importante etapa será realizada em conjunto com a Universidade Federal Fluminense. A expectativa é de que o curso já seja ministrado a partir de 2020.

Os números do Vital Brazil são impressionantes, pois desde sua fundação, em 1919, produziu mais de 2,4 bilhões de soros, vacinas e remédios, levando tratamento e cura para as vítimas e doentes.

Desmembrando um pouco mais a estatística, são mais de 350 milhões de injetáveis, como vacinas e soros, 2 bilhões de comprimidos sólidos e 110 milhões de remédios em estado líquido, como xaropes.

Inovando sempre

Ultimamente, o instituto tem se dedicado à pesquisa e aos testes de um soro que combate a picada da abelha africana, demonstrando mais uma vez estar à frente do tempo. Esse trabalho é realizado em conjunto com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, interior de São Paulo.

Conforme declaração do Presidente do Instituto Vital Brazil, Roberto Pozzan, a picada da abelha causa muita dor e o soro antiapílico é o primeiro produto genuinamente brasileiro que preenche todos os requisitos exigidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Até o momento, o soro foi testado em 20 pessoas, não apresentando reações ou efeitos colaterais adversos.

Outro produto que está em fase avançada de teste para uso humano é o selante de fibrina, proveniente do veneno da cascavel. Ele se destina à cicatrização de feridas. Até onde se sabe, nenhum outro lugar do mundo possui tal pesquisa.

Mais uma vez, o Vital Brazil prima pela inovação.

Em outra vertente de atividade –mais administrativa–, o IVB busca financiamento para ambos os projetos e Pozzan adianta que a parte relativa ao orçamento está em fase final de elaboração para, depois, ser encaminhada ao Ministério da Saúde.

O instituto carioca foi o pioneiro em produzir soros, objetivando tratar picadas de aranhas e escorpiões.

Problemas que até hoje atingem milhares de brasileiros todos os anos.

Mais cem anos pela frente

O presidente do IVB diz que o órgão não para nunca e já está planejando sobre o que fará nos próximos cem anos. Ele ressalta três itens muito importantes contemplados na continuidade dos serviços do Vital Brazil: a aproximação com a atividade acadêmica, a reforma e reestruturação para aumentar a produção e o desenvolvimento de novas tecnologias.

Outro plano que os componentes desejam tirar do papel é viabilizar a construção de um laboratório na África, tendo como funções principais o fomento e o incentivo ao estudo de acidentes causados por Animais peçonhentos, bem como a possibilidade de oferecimento de soro antiofídico para a população do continente africano.

Mas, enquanto isso, há que se passar por uma etapa anterior: a busca de recursos e/ou patrocínios investidos nesta empreitada.

Pozzan disse que os acidentes provocados por répteis e aracnídeos são pouco valorizados, ratificando um ponto de vista emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Enquanto 20 mil pessoas morrem de dengue por ano, as picadas provocadas por espécies como cobras e escorpiões vitimam 90 mil pessoas a cada ano. Aproximadamente, um terço deste total está concentrado na África. Nesta estatística que chama atenção, não se incluem as amputações causadas pelas mordidas de cobra.

Importância científica

Vital Brazil foi o primeiro cientista a colocar em prática o interessante raciocínio da especificidade da cura pelo soro antiofídico.

Ou seja: se alguém foi picado por uma jararaca, há que se buscar o tratamento com o veneno da jararaca. Se foi picado por uma surucucu, deve-se recorrer ao soro apropriado para tal.

Antes disso, não havia esse olhar que o cientista brasileiro vislumbrou, desbravou e abriu novos caminhos na pesquisa relacionada à cura de acidentes envolvendo répteis e aracnídeos venenosos.

Hoje, o Instituto Vital Brazil é um dos 21 laboratórios oficiais do Brasil e um dos quatro fornecedores de produtos que inoculam e tratam feridas advindas de animais peçonhentos. Além disso, o IVB é uma peça-chave na produção de medicamentos para o Ministério da Saúde.