O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que contraiu o novo coronavírus. O líder do Executivo também revelou que estava fazendo uso de um derivado da hidroxicloroquina, a cloroquina, junto com o antibiótico azitromicina. Desta maneira, cresceu o interesse em saber mais informações sobre o uso da hidroxicloroquina como uma medida preventiva e também no tratamento da Covid-19.

Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao contrário do mandatário brasileiro, não testou positivo para o novo coronavírus, mas afirmou que fez uso da hidroxicloroquina como medida de prevenção.

Embora alguns estudos iniciais tenham aumentado as esperanças em relação à droga, um estudo subsequente, este feito em larga escala, mostrou que a droga não tem eficácia contra o novo coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, interrompeu os testes com o medicamento, alegando que ele não reduz as taxas de mortalidade com pacientes com Covid-19.

Para que serve

A hidroxicloroquina tem sido usada há muito tempo no tratamento da malária, assim como em outras doenças, como artrite e lúpus. A droga é utilizada com o intuito de reduzir a febre e a inflamação.

Recovery

Este é o nome de um dos maiores estudos do mundo que está em andamento. O estudo está sendo feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

O estudo contou com a participação de 11 mil pacientes infectados pelo novo coronavírus em hospitais do país e tinha como um dos objetivos atestar a eficácia da hidroxicloroquina contra a Covid-19, além de pesquisar outros tratamentos em potencial.

Conclusão

A conclusão deste estudo foi que não existe efeito benéfico da droga em pacientes com a Covid-19 e a hidroxicloroquina acabou sendo excluída do experimento.

No momento, existem mais de 200 estudos sendo conduzidos no planeta.

Controvérsia

A divulgação do medicamento por figuras políticas de relevância, como os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, fez com que a hidroxicloroquina e a droga derivada dela, a cloroquina, se tornassem alvo de especulação na internet sobre seus supostos benefícios e possíveis efeitos nocivos.

Após um estudo publicado pela revista científica The Lancet ter afirmado que a droga aumentava o número de mortes e causava problemas cardíacos em alguns pacientes, experimentos pelo mundo todo foram temporariamente descontinuados.

Estas informações fizeram com que a OMS, assim como outras entidades, interrompessem os testes por razões de segurança. Entretanto, a Lancet retirou o estudo do ar quando ficou comprovado que a pesquisa apresentava sérios problemas, fazendo com que a OMS voltasse a pesquisar os medicamentos. Outros estudos tiveram como objetivo analisar o uso das drogas como uma possível medida de prevenção contra a Covid-19.

Efeitos colaterais

Foi autorizado por diversos países o uso hospitalar da hidroxicloroquina ou sua utilização em estudos clínicos supervisionados por profissionais da saúde.

Exemplo disso foi o que aconteceu em março quando o Food and Drug Administration (FDA), a agência sanitária estadunidense, concedeu, de maneira emergencial, autorização para que esses medicamentos fossem usados no tratamento da Covid-19, em um número reduzido de casos hospitalares.

Ainda assim, o órgão alertou sobre o risco das drogas provocarem sérios problemas nos batimentos do coração dos infectados com o novo coronavírus. A FDA também proibiu o uso das drogas fora dos hospitais ou de um ensaio clínico. No mês de junho, o órgão dos Estados Unidos retirou a hidroxicloroquina de sua lista de medicamentos para o tratamento da Covid-19, afirmando que os estudos clínicos não mostraram resultados positivos.

Automedicação

A OMS aconselhou as pessoas a não se automedicarem e ainda fez um alerta contra médicos e associações médicas que fazem a recomendação ou administram “esses tratamentos não comprovados". A França havia dado autorização para os hospitais prescreverem as drogas para pacientes com Covid-19, porém voltou atrás na decisão após o órgão de regulação de saúde do país alertar sobre os possíveis efeitos colaterais.

A Sociedade Brasileira de Infectologia usou como base o relatório preliminar de um estudo coordenado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, que mostrou que as drogas não trouxeram benefícios para pacientes hospitalizados.

Azitromicina

Estudos com esta substância apontaram que seu uso de maneira indiscriminada favorece a resistência a bactérias. Os efeitos desse antibiótico em pacientes contaminados com o novo coronavírus ainda não têm comprovação científica.